Converse com a gente ...

Equipe

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Quando a Chuva Cair

Imagem: Pixabay
Mais uma vez peço licença ao Boss e aos meus companheiros aqui do blog, para uma divagação pessoal e intransferível, rs.

Com tantas opiniões e atitudes contrárias ao idealismo de Woodstock é difícil crer que ainda habito o mesmo planeta em que nasci. O idealismo Paz & Música da Era de Aquário celebrado por uma horda de jovens (estima-se que mais de meio milhão de pessoas foram ao festival) que esperavam e desejavam uma mudança radical de filosofia cultural, o festival demonstrou fielmente a ‘era da contracultura’ consumida e naturalizada até então.

A onda do paz & música de Woodstock chega em terras tupiniquins que vivia um regime ditatorial militar, e se naturalizou em Paz & Amor! Mesmo com os ‘milicos’ baixando o pau na galera do paz e amor, a vida cultural brasileira, principalmente na música, já tomava rumos gigantescos com a Tropicália. O tropicalismo de Gil, Caetano, Bethânia, Gal, Tom Zé, Mutantes e outros ganharam força expressiva à frente da então Bossa Nova. Claro que, com tanta opressão da ditadura militar acabou todo mundo preso e exilado.

Mesmo assim o lema Paz & Amor tomou conta do mundo, a defesa do amor livre, dos direitos iguais, do equilíbrio com a natureza foi cultuado ao extremo nos quatro cantos do mundo. Cada um com o seu conceito próprio de amor e liberdade, mas todo o planeta ousava em ser livre e promulgar seu direito de ser aceito e respeitado. EUA com os ‘Panteras Negras’ vivenciava a luta dos direitos raciais. A Tchecoslováquia e sua Primavera de Praga tentavam ‘deseSTAnilizar’ o país. Em Paris, uma greve geral que mobilizou 10 milhões de franceses em protesto ao governo de ‘De Gaulle’...

E a gente aqui sofrendo toda falta de sorte possível nos Anos de Chumbo. E no resto do mundo surgiam os hippies. O Oriente contribui para toda essa desconstrução com o Budismo e Hinduísmo. Musical Hair na Broadway. Godard e Truffaut com o cinema Nouvelle Vague...

Claro que não ficamos atrás, desconstruímos um regime ditatorial e opressor, estabelecemos o novo pensar e conquistamos a liberdade com o Tropicalismo, Festivais da Canção, Glauber Rocha, Oiticica, O Pasquim, Chico Buarque e sua ‘Roda Viva’... Uma ‘liberdade’ que hoje percebemos nunca ter existido, senão a teríamos agora mais fortalecida do que nunca.

No entanto, vemos uma ode ao Ódio e Racismo no Mundo. Ataques terroristas em Londres, Barcelona, Rússia, Filipinas, Quebec, Estocolmo... Isso sem falar em Charlotesville e BRAZILsville. Nunca foi tão incômodo para uma minoria (pelo andar da carruagem já duvido que sejam minoria) estúpida e ignorante, o OUTRO em sua composição. O que veste, o que come, o que ouve, com quem transa, a cor da pele, pra quem reza, se reza, a condição social... Tudo isso é passível de julgamento e condenação instantânea...

Confesso que em vários momentos assistir a esse filme de terror e péssima qualidade dá uma agonia, desesperança e apatia. Mas, como dizia minha sábia mãe: ‘Há sempre uma luz no fim do túnel, mesmo que seja uma ilusão de ótica, você foi até lá e viu, com isso o tempo passou, pode ser que no final do túnel não tenha um arco-íris, mas tem céu aberto, do céu vem água e água é a fonte da vida!’

Acredito que ela tenha razão, os últimos dias foram bem intensos, renovadores e curiosos. Perceber a falta de interesse de alguns com assuntos totalmente direcionados a esses mesmos alguns; a simplicidade de um café com bolo acompanhado de um bom papo sobre a vida com minha comadre ‘Izabé’, rs; o brilho nos olhos de uma amiga falando de seu futuro empreendimento; a dor da vida sendo vida que segue: Até um dia Maria!... Dois jovens que vi nascer, hoje adultos, falando com tanta maturidade, sensatez e conhecimento sobre assuntos até ontem, debatidos por intelectuais defasados, déspotas e preconceituosos...

Tudo isso me fez ver a luz no fim do túnel, ir até lá, olhar pro céu e esperar a chuva cair! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E aí!? O que vc tem a dizer sobre isso?