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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Entre Realities e Realidades, Ficamos com a ARTE!

 Da Redação

 Reprodução Instagram/Zanele Muholi
Alguns leitores do blog e ouvintes do podcast do E aí?! têm cobrado nossa opinião sobre o assunto que está bombando nas redes: BBB 21.

Até o momento, não havíamos nos pronunciado, propositalmente, por não ser nossa especialidade, os realities. Entretanto, percebemos uma discussão e exposição exacerbada em relação ao assunto, e resolvemos colocar nossa colher de pau nessa panela e mexer um pouquinho.

Um pouquinho porque a ‘Vênus Platinada’ não precisa de nosso ibope, e nosso compromisso sempre foi e será com os artistas e veículos com menor alcance midiático.

Vamos lá, então ... Para início de conversa, consideramos um despropósito total por parte da emissora realizar uma edição do programa durante uma pandemia. Sim. Ainda estamos vivenciando uma pandemia. Ainda não acabou. #UseMascaraeAlcoolemGel.

A edição de 2021, obviamente, foi estrategicamente pensada pela emissora. #BlackLivesMatter. É a edição com o maior número de participantes negros. Justo no momento em que o mundo está destilando ódio, confinam pessoas que já estavam ‘confinadas’ há quase um ano (pandemia). Estava na cara que isso iria causar uma tsunami nas redes sociais.

Não condenamos nem tampouco absolvemos nenhum participante do BBB 21. Por que? Porque não somos juízes, somos apenas espectadores e pessoas comuns, logo, com erros e acertos. Assim sendo, acolhemos a todos no exercício da empatia.

É difícil apontar em nós mesmos nossos erros e assumi-los para repará-los. Diante dessa conclusão, o quê nos autoriza julgar e condenar pessoas que estão confinadas em um programa de TV? Programa esse com roteiro, edição e auto-sugestão pisicológica. Aos que estão no momento questionando: E o pay-per-view? Quem nunca percebeu a mudança de câmera no ‘ao vivo’? Isso é um ato de edição.

Todavia, isso não significa que ignoramos as consequências de causa e efeito das palavras e atitudes dos ‘brothers’, apenas não nos colocamos na posição de atirar pedras. Preferimos nos ater à teoria do Direito da ‘causa provável’, e nos valer do direito constitucional de que todo ser humano tem o direito de ampla defesa. Além de, principalmente, lembrarmos que a generalização de povos e etnias de um mesmo continente como um estereótipo preciso de caráter e comportamento é uma atitude preconceituosa e racista. Somos todos iguais, porém, com diferenças significativas que nos tornam únicos individualmente e pares no coletivo.

Os comentários sobre o reality vão do extremo bom senso à extrema desinformação. O Big Brother é um reality criado em 1999, por John de Mol (Johannes Hendrikus Hubert de Mol), executivo da televisão holandesa, sócio da empresa Endemol. A Globo tem contrato com a empresa para reproduzir o formato BBB, assim como o ‘Dança dos Famosos’ e o ‘The Voice’. Mas, não é apenas a Globo que reproduz programas da Endemol. Teve o ‘Topa ou Não Topa’, no SBT; ‘Buzão do Brasil’, na Band; ‘O Último Passageiro’, na Rede TV; e o ‘Extreme Makeover Social’, na Record.

Por que essa descrição detalhada sobre os produtos da Endemol? Para ajudar em sua reflexão sobre O Que; Por que e Como determinados programas influenciam direta ou indiretamente em nossa vida.

No antigo Império Romano as lutas dos Gladiadores faziam muito sucesso, era a atividade mais atrativa ao grande público. Os lutadores eram prisioneiros de guerra, escravos, autores de crimes graves e, para satisfazer o fetiche de alguns imperadores, mulheres e anões também lutavam. Para os vencedores a possibilidade da fama, fortuna e liberdade.

Combatentes se enfrentavam na arena e a luta só terminava quando um deles morria, ficava desarmado ou sem poder combater. Havia um responsável por presidir a luta que determinava se o derrotado deveria morrer ou não, e o povo influenciava muito nessa decisão. A manifestação popular era expressa apontando a mão fechada com o polegar para baixo, que significava que o povo desejava a morte do derrotado. Entretanto, nem sempre a morte era desejada, e a posição oposta do indicador, ou a mão fechada levantada para cima indicava que o derrotado poderia ficar vivo.

A luta dos gladiadores na arena era extremamente interessante para o Estado. Os imperadores investiam muito nesses espetáculos, já que assim conseguiam conquistar a amizade do povo. Essa era uma política chamada de “Pão e Circo”, os governantes distribuíam pão durante as lutas e assim conseguiam manipular as massas, oferecendo o que mais lhes interessava.

Se você não pegou a visão dessa correlação... lamentamos informar que você foi #Cancelado. Preconceituosos, racistas, xenofóbicos, homofóbicos, transfóbicos, gordofóbicos e todos os fóbicos NÃO PASSARÃO!

Como dito no início dessa conversa, nosso compromisso é com a ARTE. A arte que traduz e incita cultura, que abre mentes e explora horizontes (provavelmente por isso, cultura e educação não são prioridades na gestão atual do governo).

Assim, fechamos esse papo com arte e beleza em forma de música do nosso querido amigo Rafael Lima. ‘Chegou’ é um vídeo coletivo gravado entre Brasil e França. Canção composta durante o confinamento de março 2020 (França). Rafael Lima (Voz e Ukulelê) - Luiza Borges (Voz) - Vicente Alexim (Clarinete) - Annabelle Labazuy (Baixo) - Di Lutgardes (Percussão). A propósito e em tempo: Parabéns Rafa pela obra e pelo níver!