Converse com a gente ...

Equipe

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Abafu Cultura e Movimento

Por Paulo César Alcantara


Com muita alegria e honra recebemos o convite de presenciar a inauguração do Centro Cultural e Recreativo Abafu, foi neste sábado último em Jacarepaguá. Um espaço de criação e execução de identidade étnica, tive o prazer de conhecer Lenita Queiroz que confecciona canecas com desenhos de orixás, camisas e agendas personalizadas; Felipe Cunha, da Fios de Fé é o responsável pelos colares disponíveis na loja; e no andar de cima da loja, tem a sala aonde serão realizadas aulas de atabaque com toques e cantigas de todas as nações das culturas em diáspora no Brasil, além dos ensinos de linguagem yorubá, danças afro e palestras com o foco em concentrar estudiosos da cultura de matriz africana.

Segundo a direção do Centro Cultural, ele foi criado pensando no processo de descolonização, sócio-político-histórico-cultural brasileiro. Com um pensamento de que a educação é a base para todas as desconstruções e reconstruções sociais, partimos dela para realizar o nosso grande objetivo: por meio da cultura, apresentar pontos basilares para a formação social e cultural do Brasil. Muitas versões nos foram apresentadas sobre a história, mas o que sabemos até aqui é que o racismo estrutural que alimenta as nossas disparidades sociais e econômicas é fator fundamental para despertar questões a serem pensadas, criticadas e remodeladas.

Para tal, estaremos criando este ambiente coletivo de construções por meio de diálogos e propostas significativas à temática étnica que nos é tão cara.  Desta forma, a valorização das etnias com o resgate de memórias afetivas, incentivo à representatividade e constituição de identidade, trabalho com a auto-estima e o pertencimento, dentre tantas outras questões, serão tratadas por nossas propostas. Nossas propostas serão: oficinas, workshops, cursos livres relacionados à oralidade e ao corpo e movimento como aquisição de conhecimento e aprofundamento acerca das questões étnicas que abrangem a cultura e a história do nosso país. A valorização aos comerciantes artesanais também estará presente, dando a oportunidade à apresentação dos trabalhos e à comercialização dos mesmos. 

Sendo assim, a Abafu cultura e movimento vem com a sua vertente sócio-cultural empenhada em construir uma nova realidade em coletividade. Com a consciência que a sociedade é um bem coletivo, estaremos utilizando da educação formal e informal para auxiliar a construir esta nova realidade.

Asè ó! Vou organizar minha agenda, porque quero participar de pelo menos um dos cursos que serão ministrados lá. Registrei em vídeo o que vi, tire um tempo na sua agenda também é vá verificar pessoalmente as boas energias que rolam por lá!

Centro Cultural e Recreativo Abafu. Estrada do Rio Grande, 237 - loja B - Taquara - Jacarepaguá - (21) 99013-8359 - www.abafu.com.br



sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Ô SB Nós Vamos Comer seu Bolo!

 Por Conceição Gomes

O Site da Baixada, agora em novembro, completou 15 anos de existência, resistência e insistência, e, para tanto, foram muitos perrengues e muitas vitórias. Para não passar em branco essa luta diária pelo povo da baixada, uma luta que nós, do E aí, compactuamos – CULTURA e ARTE, mesmo de longe cantamos parabéns e aplaudimos esse parceiro de missão.

Convidei, via Twitter, o editor-chefe do SB, Wesley Brasil, para um papo rápido sobre essa trajetória, e ele gentilmente respondeu algumas perguntas. Valeu Wesley, agradecemos o carinho e respeito!

E aí?! O SB tem como missão fazer o morador da baixada usufruir do seu território plenamente, tê-lo como primeira opção de diversão, fortalecer sua cultura histórica que é pujante. Nesses 15 anos de SB, você percebeu alguma mudança comportamental nos moradores da baixada em relação a esse pertencimento, a essa apropriação?

SB - Percebi sim! Mas sinto que essa mudança de comportamento tem muito mais a ver com a mudança de geração e influência dos movimentos de autoestima das favelas do que com o trabalho desenvolvido há décadas por aqui. Ainda vejo muita gente querendo cravar que é o primeiro alguma coisa na Baixada Fluminense, sendo que já existem muitas coisas por aqui iguais. Tem uma galera que é curiosa pela história e isso é maravilhoso. A gente tá tentando encontrar essas pessoas pra cercar o Site da Baixada de gente que deseja essa mudança de comportamento através do que temos - e não emulando os sentimentos que o carioca desenvolveu pelos seus subúrbios.

E aí?! Os valores aos quais o SB estabelece dentro da sua linha editorial são fortes e diretos (Respeito, Diversidade, Laicidade). Como o SB aplica esses valores dentro do seu quadro corporativo? O SB tem em seu organograma pretos/pardos, LGBTQIA+, seguidores de religiões de matriz afro-brasileira, mulheres ou indígenas, em posições ou cargos de poder (de visibilidade ou protagonismo)?

SB - A gente tem uma política bem interessante pra montar nosso time: temos focado em sermos um ambiente tão legal a ponto de atrair gente doida pelo território como a gente. E esse ambiente precisa deixar claro que é plural, que tá de coração aberto. Pode reparar que a gente não tem um "trabalhe conosco", por exemplo. Somos atualmente 9 pessoas entre voluntários e bolsistas. Nesse meio tem de tudo sim: homem, mulher, hetero, LGBTQIA+, preto, branco, alto, baixo, morador de bairro central, morador de bairro mais isolado... mas, essa construção foi acontecendo mesmo, não foi uma busca, foi mais um resultado do ambiente que a gente tenta construir e mostrar pra quem curte nosso corre.

E aí?! Nos últimos tempos, nós da imprensa, viramos alvo de críticas, desrespeito e ataques, obviamente, sabemos que tem muito coleguinha e canal de comunicação que ajuda em muito esse movimento, com fake news e total descaso pela profissão de simplesmente INFORMAR e trazer assuntos relevantes para a população DEBATER, TROCAR IDEIAS e formar pensamentos críticos sobre a sua própria vida em sociedade, independente de credo ou etnia. E o SB, sofreu com esse comportamento público? Qual a leitura que o SB faz desse movimento de incredulidade da população, tendo como ponto de vista o quadro histórico jornalístico brasileiro dos últimos 50 anos?

Wesley Brasil - Editor Chefe do SB
Foto: Divulgação
SB - É raríssimo sofrermos ataques no Site da Baixada. A gente é muito focado em território, em serviço, em cultura... E além disso o nosso discurso é mais leve, menos combativo. A gente vai muito pra prática mesmo, de espalhar o que tá rolando - sempre fazendo uma dupla checagem, buscando fontes sérias, autoridades mesmo. Acho fundamental que veículos de comunicação pequenos como o nosso estejam também mais interessados na credibilidade do que na caça de cliques. Somos a prova que isso vale a pena: trabalhamos com marcas muito grandes que atuam na Baixada Fluminense justamente pela nossa credibilidade - e não pelo volume de audiência.

E aí?!  Nesses 15 anos de vida do SB, escolha 03 grandes momentos do site que te deram a certeza de estar trilhando no caminho certo.

SB - Uma muito marcante foi quando ajudamos a derrubar uma lei homofóbica em Nova Iguaçu. Cobrimos o movimento popular que expôs o assunto e organizou um protesto. Essa cobertura foi parar na Globo News e em outros veículos, ganhando repercussão nacional.

Eu também colocaria num bolo aí, como segundo momento marcante, os tantos momentos em que levantamos uma biografia ou alguma reportagem que seria invisível pra mídia tradicional, mas ganhou repercussão nas páginas do SB. Neste sentido acho que a gente tá devendo um apanhado, sei lá, um museu só com essas histórias.

Por último, eu particularmente listaria a nossa conquista recente na Benfeitoria. Porque ela foi uma vitória ao lado dos leitores, a gente mostrou a capacidade que tem pra articular pessoas com tanta credibilidade a ponto de convencê-las a contribuir financeiramente com o nosso trabalho. E o resultado dessa arrecadação tá aí nítido, com o SB mais vivo do que nunca, toda semana pautando a discussão sobre o território nas redes, articulando ações que ultrapassam a publicação de reportagem pra se tornar assunto mesmo, como a vinda do filme do Marighela pra Baixada Fluminense, a cobertura do TEDxRuaDaMatriz e outros - só pra citar os mais recentes.

E aí?!  Vivemos a era digital em sua forma mais plena e atuante da história, até então, facebook, Twitter, instagram, youtube, tik-tok ... e todos foram e são um desafio para a comunicação continuar de pé, a forma como era feito o jornalismo há 30 anos atrás não cabe no mundo atual. Hipoteticamente, ou, utopicamente, como você e o SB veem o futuro do jornalismo brasileiro, e o que esperam e desejam dele?

SB - Caramba, pergunta complexa... Acho que as mídias estão convergindo demais, né, então é difícil cravar um futuro. Hoje mesmo fui lavar a louça e pedi pra minha Alexa tocar FM O Dia. Quem disse que o rádio morreu? Mas já não era o aparelho AM/FM tocando: era um robô com inteligência artificial... O que posso tentar prever é que cada vez mais veículos apoiados por audiência e projetos comerciais alinhados com o editorial continuem surgindo e crescendo. Quero imaginar que mais veículos como o nosso (que não está a serviço de nenhum projeto de poder) ganhem cada vez mais espaço nas telas dos brasileiros, e isso resulte em diálogos mais interessantes e criativos para as pessoas no dia-a-dia.


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

“PRETO É A RAIZ DA LIBERDADE”

Por Fábio Seabra

Olá queridos seguidores do Blog E aí?!

Sou Fabio Seabra, podcaster aqui do blog, mas hoje gostaria de colocar na forma escrita todo o meu amor e admiração por um povo que me deu estrutura, material, exemplos a serem seguidos e, principalmente, meu amor à minha fé, um caminho para encontrar a minha paz espiritual de maneira consciente e coerente. O POVO PRETO!

Para começar, vamos juntos entendermos o significado da palavra “consciência”, que segundo o Wikipédia é: Substantivo feminino, sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior.

Bom… ao observar a definição, percebo que não possuo lugar de fala nesse quesito, pois não sou preto, mas me permito invadir o tema como se o tivesse.

Nunca sofri nenhuma discriminação por conta da cor da minha pele ou pela minha etnia, isso aqui no Brasil, mas, quando morei na Europa há alguns anos atrás, mais especificamente em Bruxelas, na Bélgica sofri, SIM! Nesse lugar eu era confundido como sendo de origem marroquina, que é muito discriminada por lá, e acabei por sofrer retaliações, porém quando sabiam que eu era brasileiro os sorrisos e portas se abriam. Enfim, eu era julgado pela minha aparência.

Passei por inúmeras e péssimas situações, como a de entrar em um restaurante vazio e não ser atendido, andar em vagão de trem especial para árabes, (embora brasileiro), de ter que sair de um ônibus por ser ameaçado de espancamento e por aí vai. E isso tudo eu passei no final da década de noventa, bem dizer, há pouco tempo atrás.

O meu objetivo em contar isso a você, leitor, é para mostrar o quanto me sinto envolvido com a questão do racismo aqui em nosso país. Racismo estrutural e não mais tão velado assim, racismo que está desgastado e fora de moda, porém que continua segregando, humilhando e destruindo, cada vez mais, a nossa sociedade.

Sabemos da origem de tudo, mas o que importa é como nos vemos, qual a CONSCIÊNCIA que temos de nós mesmos, nossos valores, nossa importância para a cultura e formação desse país?

Para sanarmos esse mal, acredito que ações e consciências individuais sirvam de exemplo e, a partir daí se faz a consciência coletiva. Sei que movimentos políticos, sociais e culturais são de extrema importância, mas de nada adiantam se não obtivermos a consciência própria.

Acreditarmos no que somos e por que somos, conhecermos BEM nossas origens e história, mas não só a de sofrimento e submissão, precisamos contar nossas vitórias, conquistas, desenvolver de dentro para fora o orgulho que temos de sermos o que somos e como somos. Vamos exaltar nossa alegria em sermos sambistas, jongueiros, capoeiristas, chefes culinários, estilistas, congressistas, médicos, coveiros, engenheiros, advogados, lixeiros, periféricos e humanos.

Vamos mostrar a todos que fazemos parte do todo!

Essa luta começa, em primeiro lugar, dentro de nós ao nos livrarmos das nossas próprias amarras, fortalecida por uma sociedade, ainda, muito perniciosa. Falemos de nós, das nossas referências, das nossas famílias, dos nossos aprendizados pessoais e pontuais. Soltemos ao vento nossa essência, livre e guerreira, sigamos em frente de cabeça erguida, pois somos valentes e sábios. Somos a origem! Portanto, desejo um feliz dia, mês, ano, década, século, milênio de CONSCIÊNCIA negra, parda e dos povos originários.

Grande abraço colorido em todos os sentidos e formas de amar!

terça-feira, 29 de junho de 2021

Ser e Existir. Parece Simples, Mas Não É

 Por Conceição Gomes

Colagem de Imagens da Internet
Para quem está acostumado a ‘me ler’, sabe que curto misturar os assuntos (temas); Rogério Madruga, nosso revisor, quase enlouquece com esta minha (des) organização peculiar e sempre elogia com fervor minha saudosa mãe, rs. I’m sorry! Cabeça de geminiano é um lugar com gravidade zero, ou seja, tudo está tão perto e longe, alto e baixo, na horizontal e vertical no mesmo tempo e espaço. Isto posto, vamos à reflexão da vez.

Começando com amenidades, nesta semana recebi um calendário da carlotas.org, uma empresa social que busca expandir o entendimento sobre a potência da diversidade, o exercício da empatia e do respeito nas relações através da arte, diálogo e ludicidade. Um mimo para enfeitar minha mesa de trabalho com propósito e pontualidade. 😍😘Obrigada Carlotas!

A Burguer King lançou a campanha - ‘No BK todo mundo é bem-vindo!’ – onde crianças dão sua opinião sobre pessoas que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Lindo, sensível, simples e empático. Mas, aí, o meu paraíso começou a balançar, figuras saíram do umbral e invadiram meu universo particular.

Um apresentador de TV fez um discurso homofóbico e preconceituoso sobre a campanha carregado de conceitos absurdos e extremistas, uma violência e desrespeito com as pessoas LGBTQIA+ e, principalmente, com as crianças e os responsáveis que participaram da peça publicitária que tem um propósito tão necessário e urgente nos dias de hoje, lembrando que o Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+ e só reverteremos esse quadro com a cultura e educação de RESPEITO.

Pegando o gancho, estava assistindo a série *Pose e fiquei pensando o quanto ainda temos que aprender sobre esse assunto. O respeito, a empatia e o acolhimento deveriam ser como comer, dormir, beber água, ou seja, tão simples assim.

Divulgação
Aproveitando esse universo de Pose em que maquiagem e cabelo são essenciais na produção das Divas, o que são Elektra, Pray Tell e Blanca?? MA-RA-VI-LHO-SAS. Mas, continuando ...

São muitas laces es-can-da-lo-sas - para quem não sabe lace é a antiga peruca - e eis que chegamos a outro entrave trazido do umbral para meu universo paradisíaco. Camilla de Lucas (Ex-BBB21) foi atacada nas redes sociais por causa de seu cabelo, suas laces etc., e eu tinha recém assistido a um trecho de vídeo de uma criatura dizendo que a mulher negra que usa lace estaria se apropriando culturalmente de uma estética branca. Oi??!! 😳😠😡

Eu percebo que, desde que a mulherada crespa resolveu fazer a transição capilar, esse assunto se tornou mais uma discussão, mais uma arma para os racistas, e percebo, também, o quanto o cabelo é um símbolo vital de autoestima para as mulheres, principalmente para as mulheres negras e realmente traduz força, poder e pertencimento para nós.

Desde a antiguidade, o cabelo é um símbolo de grande importância para caracterizar e qualificar os seres humanos. Começando pelos próprios deuses gregos, o cabelo já exercia a função de descrevê-los, como os longos e loiros cabelos de Afrodite que lhe cobriam a nudez corporal, ou, a força do herói bíblico Sansão, que originava de suas madeixas. O poder imputado aos cabelos era tanto que era comum as pessoas ofertarem suas madeixas aos deuses como troca em promessas.

No Egito Antigo, berço dos peruqueiros, as perucas eram usadas não só como adornos dos faraós mas, também, uma forma de distinção social. Quanto mais ricos e importantes, melhores eram as perucas. Além da estética, as perucas desenvolviam a tarefa de livrar as pessoas de piolhos e outros problemas capilares.

O século XVII ficou marcado como sendo a época de ouro das perucas na Europa. Reis famosos como Luís XIII e Luís XIV, da França, e Carlos II, da Inglaterra, eram adeptos do acessório e se tornou um objeto de prestígio entre a nobreza, uma das mais importantes peças do estilo masculino da época. Um cavalheiro não poderia sair nas ruas com os cabelos curtos. Em algumas classes, a falta da peruca era até uma ofensa.

Culturalmente ou religiosamente, o cabelo sempre foi um símbolo determinante na distinção social, etária, estado civil, raça e até mesmo nas convicções políticas da humanidade. Vejo a peruca como um elemento transgressor ao longo da história, uma rebeldia salutar contra a natureza, e utilizado, principalmente, como um ato político de ser e estar, claro que, sempre buscando a ideia da beleza perfeita e categorizar as castas.

Hoje, a terminologia cabeleireiro – profissão nascida em Roma - já está caindo em desuso dando espaço para o **Visagista, a peruca virou lace, e assim caminha a humanidade...

As ‘verdades absolutas’ enraizadas e adestradas nas classes dominadas foram sempre estratégias de uma classe dominante que sabe muito bem ‘guiar’ o povo ao seu bel-prazer. Democracia é educação e respeito, é um regime para TODOS realizado por TODOS, é plural, não dá espaço para a cultura mono. Liberdade é diferente de libertinagem. Direitos são normas, prerrogativas; a conquista é uma ação.

A descolonização é uma conquista com prerrogativas através da educação e respeito. O colonizador não pode perder sua galinha dos ovos de ouro (o povo), logo, promove o panis et circenses através do mundo imaginário do ***Dr. Parnassus onde realidade se confunde com imaginação, criando uma nova realidade imaginária de prazer e certezas.

Se a esta altura do texto você está questionando a minha sanidade, significa que provoquei em você algum desconforto: ótimo, sair da zona de conforto nos obriga a refletir!!

O mundo imaginário do Dr. Parnassus é a exemplificação da histeria coletiva em que nossa sociedade está chafurdada. É simples observar isso quando alguém diz que a mulher negra usar lace loira é apropriação cultural da raça ariana; quando alguém diz a essa mesma mulher que o uso da lace loira é negação de suas raízes ancestrais; e mais louco ainda, é essa mesma mulher se sentir obrigada a se explicar para ambos os lados o porquê de ela usar a lace loira; ou, ainda, uma criatura dizer publicamente que a campanha publicitária de uma rede de lanchonetes está obrigando crianças a acharem normal respeitar a individualidade sexual do outro e que isto é um absurdo...

Bom, olhando com atenção no espelho de Dr. Parnassus, vejo uma luz no fim do túnel e ela está em ****Haia com a graça de Deus e dos Deuses gregos e iorubanos. Nesta “panaceia desvairada” (sim, panaceia mesmo, licença poética) sigo refletindo e desejando dias melhores para todos nós com a liberdade do exercício democrático respeitosamente.

Afrobeijos com muita bateção de cabelo, e até a próxima!

 

*Pose - É uma série dramática americana de televisão sobre o cenário LGBTQIA+ afro-americano e latino-americano da cidade de Nova Iorque. Apresenta a cultura ballroom entre os anos 80 e 90, onde os personagens em destaque são dançarinos e modelos que competem por troféus e reconhecimento. Eles se apoiam em uma rede de famílias escolhidas conhecidas como Casas, para lidar com os preconceitos e injúrias daquelas épocas.

**Visagista - O visagismo é o conjunto de técnicas usado para valorizar a beleza de um rosto. Trata-se de um estudo completo do indivíduo que, através de comprovações matemáticas, conseguidas após observações e análises que levam em consideração aspectos emocionais e inerentes do ser, consegue atingir um resultado extremamente satisfatório para profissional (visagista) e cliente.

***Dr. Parnassus - The Imaginarium of Doctor Parnassus (O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus) é um filme independente de fantasia dirigido e escrito por Terry Gilliam, sob auxílio do roteirista Charles McKeown. O filme segue o líder de uma trupe de teatro itinerante que, tendo feito um pacto com o diabo, conduz o público através de um espelho mágico que explora suas imaginações.

****Haia - Haia é uma cidade na costa do mar do Norte da região oeste dos Países Baixos. A cidade alberga também o Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas, sediado no Palácio da Paz, e o Tribunal Penal Internacional. Por isso, também costuma ser denominada como Corte de Haia ou Tribunal de Haia.


quinta-feira, 13 de maio de 2021

LUTO

Por Conceição Gomes

Momento de grande tristeza em vários assuntos e não gostamos de perpetuar tristeza, porém, o silêncio nem sempre é possível. Queremos gritar, falar, exigir, informar..., mas, gritar, falar, exigir, informar a quem e para quem?

É cansativo persistir em uma caminhada onde encontramos tantos contra nós. Nas últimas duas décadas a imprensa, o jornalismo, caiu no descrédito popular de uma forma devastadora. Como em toda profissão existem os bons, os médios e os maus profissionais, todavia, o aumento significativo de pessoas que se auto intitulam ‘mídias’ à frente de portais, blogs, vlogs, sites, programas televisivos etc. tornou a notícia passível de ser uma fake news, e levou o jornalismo em geral a um discurso raso e questionável.

O despreparo dessas pessoas é perceptível em alguns pontos, principalmente no desconhecimento de ética profissional, a chamada imprensa marrom do passado, de fácil identificação, sempre apelativa e sensacionalista. Muitas vezes esses profissionais eram diagnosticados como urubus em cima da carniça.

Entretanto, dava para separar o joio do trigo e, hoje, somos colocados todos no mesmo saco. A pretensão e soberba, garanto, caro leitor, não fazem parte desse humilde e pequeno veículo, não somos melhores, nem piores que ninguém, muito pelo contrário.

Entristece-nos muito ver ‘profissionais’ que, claramente, não fazem ideia da diferença entre furo de reportagem e especulação, fofoca ou falta de ética.  Infelizmente, percebemos isso no caso do falecimento do ator Paulo Gustavo.

Alguns veículos mataram o ator antes mesmo de ele morrer de fato e o desrespeito com a família, assessoria de imprensa e equipe médica dele foi de uma inabilidade constrangedora.

Informar é a nossa tarefa, simples assim. Devemos colocar à disposição do povo informações devidamente apuradas e de relevância para a sociedade, como por exemplo, ainda não temos vacinas para toda a população, por quê? Provavelmente, você, leitor, deve lembrar que foi iniciada a CPI da COVID coincidentemente no dia da morte do ator.

Contudo, vale lembrar, também, que a abertura de uma CPI não significa resultados satisfatórios. Investigue as mais famosas e veja sua conclusão (as que tiveram conclusão), cheque os investigados, citados, arrolados, julgados.... Quem são? Foram realmente punidos? Continuam em cargos públicos?

Na continuidade de tragédias e abusos, temos os contrapontos da relevância e oportunismo: Lucas Matheus da Silva, Alexandre da Silva e Fernando Henrique Soares são as crianças de Belford Roxo DESAPARECIDAS em 27 de dezembro de 2020 e, até agora, absolutamente NADA se sabe sobre o que aconteceu com esses meninos, entretanto, o caso Henry Borel já está praticamente solucionado. Obviamente, são situações diferentes em que a atuação da polícia tem de ser diferente, mas, ‘coleguinhas’, por que não intensificar as publicações para ajudar até mesmo o trabalho da polícia?

Esta mesma polícia teve uma atuação inominável no Jacarezinho e, antes do pré-julgamento pela minha abordagem no assunto, indico que assista a entrevista particularmente esclarecedora da especialista em segurança pública, Jacqueline Muniz, concedida à Rádio Brasil Atual - https://www.youtube.com/watch?v=Q76Xx3UrtmQ&list=WL. Como sempre repetimos aqui: informação não ocupa espaço.

O Dia das Mães de 2021, com certeza, foi um dos mais tristes para muitos dos sobreviventes parentais dos +420 mil mortos pela COVID-19. Além da dor das perdas, teremos esse vírus entre nós de várias formas por muito tempo, o negacionismo não tem o poder de eliminar os incontáveis órfãos e pessoas com a saúde mental extremamente afetada nesta pandemia.

Como bem disse Djamila Ribeiro, filósofa e escritora, estamos vivenciando um processo ‘incivilizatório’, precisamos reencontrar a civilidade e poderíamos começar entendendo que o Salvador da Pátria é o POVO, os cargos dos três poderes são dados a pessoas eleitas pelo POVO, direta ou indiretamente. Somos um país em construção que precisa se desconstruir.

Um amigo me disse recentemente que precisamos criar mais leis de inclusão no universo educacional público. Na hora preferi não debater, porém, percebi que mesmo ele trabalhando no âmbito político, não vislumbra a diferença entre lei e política pública. Leis nós temos e muitas, e, em sua maioria, eficazes, bastaria serem respeitadas e colocadas em prática.

Finalizo esse texto em nome de toda equipe do E aí emanando Força, Luz e Paz a todos que perderam parentes e amigos para as batalhas inglórias contra a Covid e o racismo institucional e estrutural que ceifa vidas e dizima sonhos.

Até a próxima!

P.S.: Espero com boas novas, como a sanção do governador do RJ no projeto de lei que tomba o prédio da Escola Municipal Dr. Cícero Penna, que estava ameaçado de ser vendido pela prefeitura.

terça-feira, 20 de abril de 2021

1ª Edição do Prêmio “No Mundo do Samba e Carnaval de Duque de Caxias Tem Mulheres Empoderadas”

Por Redação 

Notícia boa e que nos enche de orgulho, mas antes de contar a boa nova vamos às preliminares, rsrs.

Luciana Andreia
Divulgação
Luciana Andreia, mulher envolvida e resolvida no mundo do samba e carnaval, desde que se entende por gente essas manifestações culturais fazem parte de sua história familiar. Luciana é Professora, Agente e Produtora Cultural e Presidente do Empodera Samba, site que completa agora em 23 de abril, seu terceiro ano de existência e, apesar de ser o aniversariante, é ele quem presenteia o povo Caxiense, principalmente as Mulheres Caxienses, dando voz, vez e visibilidade a essas munícipes.

Através do Projeto Cultural Site Empodera Samba, na próxima sexta-feira, 23 de abril (Dia de São Jorge), às 20h, será a 1ª Edição do Prêmio – No Mundo do Samba e Carnaval de Duque de Caxias Tem Mulheres Empoderadas, onde serão homenageadas e contempladas vinte mulheres do universo do samba e carnaval dentro dos respectivos segmentos:

ü  Carnavalescas

ü  Harmonias

ü  Presidentes de Agremiações

ü  Aderecistas e Escultoras

ü  Compositoras; Cantoras; Instrumentistas e Percussionistas

ü  Costureiras

ü  Produtoras Musicais

ü  Jornalistas e Produtoras Culturais

E é daí que vem a notícia que nos encheu de orgulho: a nossa Jornalista/Redatora/Editora Conceição Gomes será honrosamente premiada por sua atividade como Jornalista. PARABÉNS CONCEIÇÃO!! Que este seja o primeiro de muitos prêmios em sua carreira profissional.

Parabéns também para Luciana Andreia e toda a equipe do Empodera Samba pela iniciativa, inclusão, memória e reconhecimento do trabalho desenvolvido e invisibilizado das Mulheres Caxienses no mundo do samba e carnaval.

A live show da premiação será transmitida pelo canal Empodera Samba no Youtube, ao vivo, a partir das 20h – sexta-feira (23/04), com a apresentação do grupo de pagode Sonho de Crioula. Inscreva-se no canal https://www.youtube.com/channel/UCp0XBDtA8joZ64zHs2T0Dwg e toque o sino para lembra-lo do evento.

Nós do E aí estaremos todos ligados e conectados prestigiando todas essas mulheres e, claro, nossa querida Conceição Gomes.

Até lá!


https://empoderasamba.com.br/f/a-jornalista-concei%C3%A7%C3%A3o-gomes-contemplada-do-pr%C3%AAmio-empodera-samba?blogcategory=Conquistas%20do%20Empodera%20Samba&fbclid=IwAR3YQZK2jp9AhEIR8cVmQT182P_I7YaKDdbhj_lvtpvCsZFBAFuA-LI-iIU


quinta-feira, 25 de março de 2021

Tem Aniversário, e Tem Presente!

 Por Redação

Amanhã, 26 de março, o Podcast do E aí?! completará 01 ano de vida!! Passou rápido, não é? Foram tantas reflexões, trocas de saberes e histórias que nos deram, e ainda dão, muita alegria e prazer. A todos que nos acompanharam até aqui o nosso Muito Obrigado!

O aniversário é nosso, mas é você que ganha presente. A partir do dia 29 de março até 09 de abril, todo dia entrará no ar um novo episódio.

Conceição Gomes apresenta o #VidasIndígenasImportam onde contará em três episódios, a origem do povo brasileiro, objetificando a história exclusivamente nos Índios Brasileiros, e jogando um foco de luz nos povos indígenas remanescentes em Duque de Caxias.

Com o
Vidas Pretas Fizeram História, Fábio Seabra desmembra em três episódios a contribuição cultural, social e política dos negros ainda escravizados em território fluminense e o legado desta contribuição perpetuado e ressignificado através de religiões afro-brasileiras e associações culturais.

Na sequência, Paulo Alcantara, aborda de forma específica e resumida em três episódios, a história do carnaval do Rio de Janeiro no A Grande Rio é um Sonho, pontuando com exclusividade a trajetória da GRES Acadêmicos do Grande Rio.

E sempre percorrendo um caminho lúdico e literário, Rogério Madruga traça um paralelo entre Tenório Cavalcanti, figura icônica de Duque de Caxias, e o universo do Cordel nos três episódios de Tenório Cavalcanti, Cabra Macho, Sim Senhor!  

E é isso, aproveite o nosso presente feito exclusivamente para você com muito carinho e paixão. Ah, não esqueça de lavar bem as mãos, usar álcool em gel e máscara, manter o distanciamento, muita hidratação e, se possível, fique em casa.

Esse projeto contou com o auxílio da Prefeitura de Duque de Caxias através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, com os recursos da Lei Aldir Blanc, do Governo Federal.

https://www.instagram.com/cultura_caxias/ - https://www.facebook.com/culturaduquedecaxias

Designer Gráfico - Fábio Seabra

Locução Especial - Paulo Alcantara

Revisão de Texto - Rogério Madruga



terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Entre Realities e Realidades, Ficamos com a ARTE!

 Da Redação

 Reprodução Instagram/Zanele Muholi
Alguns leitores do blog e ouvintes do podcast do E aí?! têm cobrado nossa opinião sobre o assunto que está bombando nas redes: BBB 21.

Até o momento, não havíamos nos pronunciado, propositalmente, por não ser nossa especialidade, os realities. Entretanto, percebemos uma discussão e exposição exacerbada em relação ao assunto, e resolvemos colocar nossa colher de pau nessa panela e mexer um pouquinho.

Um pouquinho porque a ‘Vênus Platinada’ não precisa de nosso ibope, e nosso compromisso sempre foi e será com os artistas e veículos com menor alcance midiático.

Vamos lá, então ... Para início de conversa, consideramos um despropósito total por parte da emissora realizar uma edição do programa durante uma pandemia. Sim. Ainda estamos vivenciando uma pandemia. Ainda não acabou. #UseMascaraeAlcoolemGel.

A edição de 2021, obviamente, foi estrategicamente pensada pela emissora. #BlackLivesMatter. É a edição com o maior número de participantes negros. Justo no momento em que o mundo está destilando ódio, confinam pessoas que já estavam ‘confinadas’ há quase um ano (pandemia). Estava na cara que isso iria causar uma tsunami nas redes sociais.

Não condenamos nem tampouco absolvemos nenhum participante do BBB 21. Por que? Porque não somos juízes, somos apenas espectadores e pessoas comuns, logo, com erros e acertos. Assim sendo, acolhemos a todos no exercício da empatia.

É difícil apontar em nós mesmos nossos erros e assumi-los para repará-los. Diante dessa conclusão, o quê nos autoriza julgar e condenar pessoas que estão confinadas em um programa de TV? Programa esse com roteiro, edição e auto-sugestão pisicológica. Aos que estão no momento questionando: E o pay-per-view? Quem nunca percebeu a mudança de câmera no ‘ao vivo’? Isso é um ato de edição.

Todavia, isso não significa que ignoramos as consequências de causa e efeito das palavras e atitudes dos ‘brothers’, apenas não nos colocamos na posição de atirar pedras. Preferimos nos ater à teoria do Direito da ‘causa provável’, e nos valer do direito constitucional de que todo ser humano tem o direito de ampla defesa. Além de, principalmente, lembrarmos que a generalização de povos e etnias de um mesmo continente como um estereótipo preciso de caráter e comportamento é uma atitude preconceituosa e racista. Somos todos iguais, porém, com diferenças significativas que nos tornam únicos individualmente e pares no coletivo.

Os comentários sobre o reality vão do extremo bom senso à extrema desinformação. O Big Brother é um reality criado em 1999, por John de Mol (Johannes Hendrikus Hubert de Mol), executivo da televisão holandesa, sócio da empresa Endemol. A Globo tem contrato com a empresa para reproduzir o formato BBB, assim como o ‘Dança dos Famosos’ e o ‘The Voice’. Mas, não é apenas a Globo que reproduz programas da Endemol. Teve o ‘Topa ou Não Topa’, no SBT; ‘Buzão do Brasil’, na Band; ‘O Último Passageiro’, na Rede TV; e o ‘Extreme Makeover Social’, na Record.

Por que essa descrição detalhada sobre os produtos da Endemol? Para ajudar em sua reflexão sobre O Que; Por que e Como determinados programas influenciam direta ou indiretamente em nossa vida.

No antigo Império Romano as lutas dos Gladiadores faziam muito sucesso, era a atividade mais atrativa ao grande público. Os lutadores eram prisioneiros de guerra, escravos, autores de crimes graves e, para satisfazer o fetiche de alguns imperadores, mulheres e anões também lutavam. Para os vencedores a possibilidade da fama, fortuna e liberdade.

Combatentes se enfrentavam na arena e a luta só terminava quando um deles morria, ficava desarmado ou sem poder combater. Havia um responsável por presidir a luta que determinava se o derrotado deveria morrer ou não, e o povo influenciava muito nessa decisão. A manifestação popular era expressa apontando a mão fechada com o polegar para baixo, que significava que o povo desejava a morte do derrotado. Entretanto, nem sempre a morte era desejada, e a posição oposta do indicador, ou a mão fechada levantada para cima indicava que o derrotado poderia ficar vivo.

A luta dos gladiadores na arena era extremamente interessante para o Estado. Os imperadores investiam muito nesses espetáculos, já que assim conseguiam conquistar a amizade do povo. Essa era uma política chamada de “Pão e Circo”, os governantes distribuíam pão durante as lutas e assim conseguiam manipular as massas, oferecendo o que mais lhes interessava.

Se você não pegou a visão dessa correlação... lamentamos informar que você foi #Cancelado. Preconceituosos, racistas, xenofóbicos, homofóbicos, transfóbicos, gordofóbicos e todos os fóbicos NÃO PASSARÃO!

Como dito no início dessa conversa, nosso compromisso é com a ARTE. A arte que traduz e incita cultura, que abre mentes e explora horizontes (provavelmente por isso, cultura e educação não são prioridades na gestão atual do governo).

Assim, fechamos esse papo com arte e beleza em forma de música do nosso querido amigo Rafael Lima. ‘Chegou’ é um vídeo coletivo gravado entre Brasil e França. Canção composta durante o confinamento de março 2020 (França). Rafael Lima (Voz e Ukulelê) - Luiza Borges (Voz) - Vicente Alexim (Clarinete) - Annabelle Labazuy (Baixo) - Di Lutgardes (Percussão). A propósito e em tempo: Parabéns Rafa pela obra e pelo níver!