Converse com a gente ...

Equipe

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Ô SB Nós Vamos Comer seu Bolo!

 Por Conceição Gomes

O Site da Baixada, agora em novembro, completou 15 anos de existência, resistência e insistência, e, para tanto, foram muitos perrengues e muitas vitórias. Para não passar em branco essa luta diária pelo povo da baixada, uma luta que nós, do E aí, compactuamos – CULTURA e ARTE, mesmo de longe cantamos parabéns e aplaudimos esse parceiro de missão.

Convidei, via Twitter, o editor-chefe do SB, Wesley Brasil, para um papo rápido sobre essa trajetória, e ele gentilmente respondeu algumas perguntas. Valeu Wesley, agradecemos o carinho e respeito!

E aí?! O SB tem como missão fazer o morador da baixada usufruir do seu território plenamente, tê-lo como primeira opção de diversão, fortalecer sua cultura histórica que é pujante. Nesses 15 anos de SB, você percebeu alguma mudança comportamental nos moradores da baixada em relação a esse pertencimento, a essa apropriação?

SB - Percebi sim! Mas sinto que essa mudança de comportamento tem muito mais a ver com a mudança de geração e influência dos movimentos de autoestima das favelas do que com o trabalho desenvolvido há décadas por aqui. Ainda vejo muita gente querendo cravar que é o primeiro alguma coisa na Baixada Fluminense, sendo que já existem muitas coisas por aqui iguais. Tem uma galera que é curiosa pela história e isso é maravilhoso. A gente tá tentando encontrar essas pessoas pra cercar o Site da Baixada de gente que deseja essa mudança de comportamento através do que temos - e não emulando os sentimentos que o carioca desenvolveu pelos seus subúrbios.

E aí?! Os valores aos quais o SB estabelece dentro da sua linha editorial são fortes e diretos (Respeito, Diversidade, Laicidade). Como o SB aplica esses valores dentro do seu quadro corporativo? O SB tem em seu organograma pretos/pardos, LGBTQIA+, seguidores de religiões de matriz afro-brasileira, mulheres ou indígenas, em posições ou cargos de poder (de visibilidade ou protagonismo)?

SB - A gente tem uma política bem interessante pra montar nosso time: temos focado em sermos um ambiente tão legal a ponto de atrair gente doida pelo território como a gente. E esse ambiente precisa deixar claro que é plural, que tá de coração aberto. Pode reparar que a gente não tem um "trabalhe conosco", por exemplo. Somos atualmente 9 pessoas entre voluntários e bolsistas. Nesse meio tem de tudo sim: homem, mulher, hetero, LGBTQIA+, preto, branco, alto, baixo, morador de bairro central, morador de bairro mais isolado... mas, essa construção foi acontecendo mesmo, não foi uma busca, foi mais um resultado do ambiente que a gente tenta construir e mostrar pra quem curte nosso corre.

E aí?! Nos últimos tempos, nós da imprensa, viramos alvo de críticas, desrespeito e ataques, obviamente, sabemos que tem muito coleguinha e canal de comunicação que ajuda em muito esse movimento, com fake news e total descaso pela profissão de simplesmente INFORMAR e trazer assuntos relevantes para a população DEBATER, TROCAR IDEIAS e formar pensamentos críticos sobre a sua própria vida em sociedade, independente de credo ou etnia. E o SB, sofreu com esse comportamento público? Qual a leitura que o SB faz desse movimento de incredulidade da população, tendo como ponto de vista o quadro histórico jornalístico brasileiro dos últimos 50 anos?

Wesley Brasil - Editor Chefe do SB
Foto: Divulgação
SB - É raríssimo sofrermos ataques no Site da Baixada. A gente é muito focado em território, em serviço, em cultura... E além disso o nosso discurso é mais leve, menos combativo. A gente vai muito pra prática mesmo, de espalhar o que tá rolando - sempre fazendo uma dupla checagem, buscando fontes sérias, autoridades mesmo. Acho fundamental que veículos de comunicação pequenos como o nosso estejam também mais interessados na credibilidade do que na caça de cliques. Somos a prova que isso vale a pena: trabalhamos com marcas muito grandes que atuam na Baixada Fluminense justamente pela nossa credibilidade - e não pelo volume de audiência.

E aí?!  Nesses 15 anos de vida do SB, escolha 03 grandes momentos do site que te deram a certeza de estar trilhando no caminho certo.

SB - Uma muito marcante foi quando ajudamos a derrubar uma lei homofóbica em Nova Iguaçu. Cobrimos o movimento popular que expôs o assunto e organizou um protesto. Essa cobertura foi parar na Globo News e em outros veículos, ganhando repercussão nacional.

Eu também colocaria num bolo aí, como segundo momento marcante, os tantos momentos em que levantamos uma biografia ou alguma reportagem que seria invisível pra mídia tradicional, mas ganhou repercussão nas páginas do SB. Neste sentido acho que a gente tá devendo um apanhado, sei lá, um museu só com essas histórias.

Por último, eu particularmente listaria a nossa conquista recente na Benfeitoria. Porque ela foi uma vitória ao lado dos leitores, a gente mostrou a capacidade que tem pra articular pessoas com tanta credibilidade a ponto de convencê-las a contribuir financeiramente com o nosso trabalho. E o resultado dessa arrecadação tá aí nítido, com o SB mais vivo do que nunca, toda semana pautando a discussão sobre o território nas redes, articulando ações que ultrapassam a publicação de reportagem pra se tornar assunto mesmo, como a vinda do filme do Marighela pra Baixada Fluminense, a cobertura do TEDxRuaDaMatriz e outros - só pra citar os mais recentes.

E aí?!  Vivemos a era digital em sua forma mais plena e atuante da história, até então, facebook, Twitter, instagram, youtube, tik-tok ... e todos foram e são um desafio para a comunicação continuar de pé, a forma como era feito o jornalismo há 30 anos atrás não cabe no mundo atual. Hipoteticamente, ou, utopicamente, como você e o SB veem o futuro do jornalismo brasileiro, e o que esperam e desejam dele?

SB - Caramba, pergunta complexa... Acho que as mídias estão convergindo demais, né, então é difícil cravar um futuro. Hoje mesmo fui lavar a louça e pedi pra minha Alexa tocar FM O Dia. Quem disse que o rádio morreu? Mas já não era o aparelho AM/FM tocando: era um robô com inteligência artificial... O que posso tentar prever é que cada vez mais veículos apoiados por audiência e projetos comerciais alinhados com o editorial continuem surgindo e crescendo. Quero imaginar que mais veículos como o nosso (que não está a serviço de nenhum projeto de poder) ganhem cada vez mais espaço nas telas dos brasileiros, e isso resulte em diálogos mais interessantes e criativos para as pessoas no dia-a-dia.


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

“PRETO É A RAIZ DA LIBERDADE”

Por Fábio Seabra

Olá queridos seguidores do Blog E aí?!

Sou Fabio Seabra, podcaster aqui do blog, mas hoje gostaria de colocar na forma escrita todo o meu amor e admiração por um povo que me deu estrutura, material, exemplos a serem seguidos e, principalmente, meu amor à minha fé, um caminho para encontrar a minha paz espiritual de maneira consciente e coerente. O POVO PRETO!

Para começar, vamos juntos entendermos o significado da palavra “consciência”, que segundo o Wikipédia é: Substantivo feminino, sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior.

Bom… ao observar a definição, percebo que não possuo lugar de fala nesse quesito, pois não sou preto, mas me permito invadir o tema como se o tivesse.

Nunca sofri nenhuma discriminação por conta da cor da minha pele ou pela minha etnia, isso aqui no Brasil, mas, quando morei na Europa há alguns anos atrás, mais especificamente em Bruxelas, na Bélgica sofri, SIM! Nesse lugar eu era confundido como sendo de origem marroquina, que é muito discriminada por lá, e acabei por sofrer retaliações, porém quando sabiam que eu era brasileiro os sorrisos e portas se abriam. Enfim, eu era julgado pela minha aparência.

Passei por inúmeras e péssimas situações, como a de entrar em um restaurante vazio e não ser atendido, andar em vagão de trem especial para árabes, (embora brasileiro), de ter que sair de um ônibus por ser ameaçado de espancamento e por aí vai. E isso tudo eu passei no final da década de noventa, bem dizer, há pouco tempo atrás.

O meu objetivo em contar isso a você, leitor, é para mostrar o quanto me sinto envolvido com a questão do racismo aqui em nosso país. Racismo estrutural e não mais tão velado assim, racismo que está desgastado e fora de moda, porém que continua segregando, humilhando e destruindo, cada vez mais, a nossa sociedade.

Sabemos da origem de tudo, mas o que importa é como nos vemos, qual a CONSCIÊNCIA que temos de nós mesmos, nossos valores, nossa importância para a cultura e formação desse país?

Para sanarmos esse mal, acredito que ações e consciências individuais sirvam de exemplo e, a partir daí se faz a consciência coletiva. Sei que movimentos políticos, sociais e culturais são de extrema importância, mas de nada adiantam se não obtivermos a consciência própria.

Acreditarmos no que somos e por que somos, conhecermos BEM nossas origens e história, mas não só a de sofrimento e submissão, precisamos contar nossas vitórias, conquistas, desenvolver de dentro para fora o orgulho que temos de sermos o que somos e como somos. Vamos exaltar nossa alegria em sermos sambistas, jongueiros, capoeiristas, chefes culinários, estilistas, congressistas, médicos, coveiros, engenheiros, advogados, lixeiros, periféricos e humanos.

Vamos mostrar a todos que fazemos parte do todo!

Essa luta começa, em primeiro lugar, dentro de nós ao nos livrarmos das nossas próprias amarras, fortalecida por uma sociedade, ainda, muito perniciosa. Falemos de nós, das nossas referências, das nossas famílias, dos nossos aprendizados pessoais e pontuais. Soltemos ao vento nossa essência, livre e guerreira, sigamos em frente de cabeça erguida, pois somos valentes e sábios. Somos a origem! Portanto, desejo um feliz dia, mês, ano, década, século, milênio de CONSCIÊNCIA negra, parda e dos povos originários.

Grande abraço colorido em todos os sentidos e formas de amar!