Fiquei muito tempo olhando pra tela do computador sem
saber como começar esse texto, na verdade, ainda não sei se quero escrever e
nem o quê quero escrever. Ouvindo minha afilhada e seu marido
brigando e ensinando o mais novo integrante da família a comer somente a ração
dele, Tony Stark, risos, calma não é um humano, é um filhote de Labrador que eu
carinhosamente apelidei de Chocolate, ele insiste em comer a ração do (big)
Poodle Diego que já é adulto... e daí sempre acontece uma grande (e gostosa)
confusão.
Voltando ao texto, sinto vontade de contar o prazer que senti ao participar do aniversário do meu amigo Paulo Singulani, onde pude rever vários amigos de infância, dançar, cantar; e
a sensação de realização a que venho tendo o privilégio de vivenciar com o
trabalho desenvolvido com a Guaraná Conteúdo, na produção de três documentários
e um clipe musical promocional, isso sem falar das publicações dos textos de
minha autoria em sites de outrem... Enfim, momentos de felizes acontecimentos
pessoais, mas e o coletivo?
De novo sem saber o quê escrever, não, confesso, sei
bem sobre o quê quero escrever, mas também confesso um certo desânimo não pelo
tema, afinal sou jornalista, mas por ser brasileira e não querer perceber os
subterfúgios políticos fundamentando-se por trás de uma cortina de veludo bem ‘passada’
(passada em todos sentidos classificatórios gramaticais: Verbo bitransitivo,
adjetivo do pretérito, substantivo feminino etc., etc. e etc.). Que fique bem
claro que não estou falando de golpe ou traição, não vou ‘transpassar’ por este
imbróglio, que mais parece a síndrome do *biscoito Tostines. O que me incomoda é a repetição, o ‘repasse’ de situações
históricas, o ‘perpasse’ de velhos conhecidos numa velha política maquiada, com
cara de Botox.
Como primeiro ato presidencial, o Sr.Michel Temer,
instituiu uma Medida Provisória (nº 726 – 12/05/16), em que extinguiu alguns
Ministérios, Secretarias e Cargos, criou ou transformou outros, alguns me
chamaram a atenção, tais como:
1 – Foram transferidas as competências da Casa
Militar da Presidência República para o criado Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República, que originou também a criação do
cargo de Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República. Será comandado pelo General Sérgio Westphalen Etchegoyen. No
cargo que estava no exército, o general era responsável pela elaboração da política
militar terrestre, pelo planejamento estratégico e pela orientação do preparo e
do emprego da Força. A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) também ficará
subordinada à pasta, falando em inteligência é importante destacar que: O
Serviço de Inteligência ou Serviço de Informações é geralmente
um departamento governamental cuja função é a coleta ou recolha de informações,
ditas "inteligência" nesse contexto, relacionadas com possíveis
ameaças à segurança do Estado. O primeiro serviço de inteligência brasileiro
na forma de Polícia foi criado em 1956 por ordem do
presidente Juscelino Kubitschek, devido aos dois atentados sofridos.
Chamava-se SFICI (Serviço Federal de Informações e
Contra-Informação), aos moldes do Serviço Nacional de Informações do Império
Brasileiro, criado por Dom Pedro de Alcântara em 1821, com
vistas exclusivamente à Segurança Nacional de Defesa. A forma de JK, de
estendê-lo ao chamado crime organizado, se desenvolveu e foi aperfeiçoado
devido aos inúmeros atentados presidenciais, funcionando durante o chamado
pelos opositores de golpe de 64, e durante o regime militar foi
substituído pelo nome de Serviço Nacional de Informações, mais conhecido
como SNI.
2 – O Ministério da Cultura foi transformado em
Ministério da Educação e Cultura, será ministrado por José Mendonça Bezerra
Filho, que ainda exerce o mandato de Deputado Federal por Pernambuco.
Participou de várias comissões, destacando-se como presidente da Comissão
Especial de Reforma Política e Eleitoral. O seu mandato ficou marcado pela
emenda constitucional que recebeu seu nome e permitiu
a reeleição para presidente, governadores e prefeitos. O que
ocasionou a reeleição de Fernando Henrique e do Vice Marco
Maciel, aliados de Mendonça. Em meio às investigações da Operação Castelo
de Areia, deflagrada pela Polícia Federal em 2009, foi divulgado
um grampo em que quatro diretores da Construtora Camargo Corrêa citam
que Mendonça Filho, então candidato à Prefeitura de Recife, teria recebido
R$ 100.000,00. Mendonça Filho declarou que as doações foram feitas dentro da
lei para o diretório nacional do DEM, não ao comitê de sua campanha.
3 – O Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e
dos Direitos Humanos foi extinto e passará a ser de competência do Ministério
da Justiça e Cidadania, tutelado por Alexandre de Moraes que em dezembro de
2014, assumiu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, prometendo o
fortalecimento da legislação estadual no setor. No entanto, sua passagem como
secretário foi colocada em xeque diversas vezes por conta da violência
supostamente excessiva diante de protestos e atos políticos, como, por exemplo,
as ocupações estudantis das escolas estaduais, que vêm ocorrendo desde o ano
passado. Em janeiro deste ano, um protesto realizado pelo MPL (Movimento Passe Livre)
contra aumento de tarifas foi reprimido de forma ostensiva, o que reservou ao
papel de Alexandre uma repercussão negativa diante da opinião pública. Sob sua
gestão na secretaria foram utilizados, pela primeira vez, blindados israelenses
para enfrentar manifestações. Em 2015
a reportagem do “Estado de S. Paulo” afirmou que
Alexandre constava no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo
menos 123 processos da área civil da Transcooper. A cooperativa é uma das cinco
empresas e associações que está presente em uma investigação que trilha
movimentações de lavagem de dinheiro e corrupção engendrada pela organização
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Na época, Alexandre disse, por
meio de nota, que “renunciou a todos os processos que atuava como um dos sócios
do escritório de advocacia” e que estava de licença da OAB durante o período
investigado.
4 – Foram transferidas as competências do Ministério
das Comunicações para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações. Quem comandará esse ministério será Gilberto Kassab, ex-prefeito
de São Paulo. Kassab foi acusado de irregularidades sobre a origem de seu patrimônio, que aumentou 316% acima da inflação (de R$ 102 mil para R$ 985 mil), de 1994 a 1998, período em que exerceu os cargos de deputado estadual e secretário de planejamento do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta. Em 20 de fevereiro de 2010, o
juiz da 1ª zona eleitoral de São Paulo, Aloísio Sérgio Resende Silveira, cassou
os mandatos de Kassab e da vice-prefeita de São Paulo Alda Marco
Antonio por entender como ilegais as doações feitas pela Associação
Imobiliária Brasileira (AIB), construtoras e Banco Itaú, mas, no dia
seguinte, garantiu a permanência do prefeito de São Paulo até o julgamento final
do processo de cassação de seu mandato. As doações ilegais
somariam dez milhões de reais. Em 25 de maio de 2010, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo derrubou a cassação de Kassab e da vice Alda Marco Antônio, pois, segundo interpretação dos juízes do TRE, não houve irregularidade nas doações, já que, por falta de provas, não foi possível estabelecer uma relação entre a Associação Imobiliária Brasileira e o sindicato do setor imobiliário.
Pois bem, pontuei essas quatro mudanças por achar que elas reúnem as competências básicas estruturais do direito constituído de cidadania em um regime democrático, e claro, saber quem as conduzirá é de uma importância primária para todos nós. E ao sabê-los, fico com a sensação de Déjà Vu e incredulidade, parecemos cachorros correndo atrás do próprio rabo. Se tudo começou com investigações sobre corrupção, o ideal é que pessoas de ficha pública transparente como água as conduzissem, que as exoneradas também acusadas de corrupção fossem substituídas por pessoas de imagem pública ilibada, e entanto, não é esse o quadro estampado na nossa sala de estar.
Entretanto, como disse Mario Vargas Llosa em entrevista a Época: “No passado tínhamos ditaduras militares e revoluções
armadas. Agora temos democracias imperfeitas, mas que podem ser corrigidas.”
E é com essa ideia
que vou dormir agora, e sonhar que ainda há conserto. Um sonho em que todos os
direitos básicos serão respeitados, onde teremos saúde, educação e transporte
público de qualidade, que preconceito racial, social e religioso seja apenas um
pesadelo do passado e um alerta para o futuro, que no presente a cultura seja oferecida
gratuitamente como comida para famintos. I
had a dream! Voce tem sede de quê, voce tem fome de quê?
* Biscoito Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais??
Lista dos atuais ministros do governo Temer:
- Gilberto Kassab, ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
- Raul Jungmann, ministro da Defesa
- Romero Jucá, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
- Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo
- Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
- Bruno Araújo, ministro das Cidades
- Blairo Maggi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
- Henrique Meirelles, ministro da Fazenda
- Mendonça Filho, ministro da Educação e Cultura
- Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil
- Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social e Agrário
- Leonardo Picciani, ministro do Esporte
- Ricardo Barros, ministro da Saúde
- José Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente
- Henrique Eduardo Alves, ministro do Turismo
- José Serra, ministro das Relações Exteriores
- Ronaldo Nogueira de Oliveira, ministro do Trabalho
- Alexandre de Moraes, ministro da Justiça e Cidadania
- Mauricio Quintella, ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil
- Marcos Pereira, Ministério da Indústria e Comércio e Serviços
- Fabiano Augusto Martins Silveira, ministro da Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU)
– Fernando Bezerra Filho – Ministro de Minas e Energia
- Helder Barbalho – Ministro da Integração Nacional
(Agência Brasil)
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