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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Epifania

Por Conceição Gomes

Um desejo incontrolável de escrever sobre coisas amenas, coisas que me faz sorrir com os olhos, que me alegram a alma ... Ando precisando desse aquecimento no coração desde que minha parceirinha felina, Maria Eleonora, fofamente chamada de Lelê, sumiu ... já estava velhinha e apresentando um quadro de demência, fugiu e não voltou mais. Foram 20 anos de travessuras, companheirismo e alegrias... E só a arte me proporciona esse prazer, então ...

Vou escrever as minhas impressões sobre os últimos filmes e séries que assisti. Ah! E não posso deixar de dar minha opinião sobre o novo álbum do Victor Chaves, o Projeto VC. Ai gente, sou fã, fazer o quê?

Mas aí, vem o subconsciente advogado do diabo me infernizar, quem assistiu ao filme Jojo Rabbit entenderá o que estou querendo dizer. Assim sendo, vou apelidar esse subconsciente de JR.

JR – Não acredito que você vai escrever sobre ‘O Dilema das Redes’ e ‘Quanto Tempo o Tempo Tem?’, e deixar de comentar a mais nova denominação de sentença para o crime de estupro: O Estupro Culposo!?

Oi??? Estupro culposo?? Bom, valendo-me do que aprendi na faculdade de jornalismo, fui apurar a história. Após ver na internet todo o burburinho do caso, o comentário de um Desembargador aposentado na página do site Conjur explicando minuciosamente o ocorrido, lendo e relendo a matéria, além de assistir ao vídeo da audiência do site do The Intercept Brasil, consegui chegar aos seguintes fatos:

  1.  O Intercepet se valeu de um trecho1 da Lei 13.7182 que tipifica os crimes de importunação sexual, publicada em 25 de setembro de 2018, para exemplificar o que constituía dolo e modalidade culposa3 no caso de Mari Ferrer.
  2.  O juiz não fez valer sua autoridade em relação ao advogado de defesa, que humilhou a vítima e passou em muito de um limite aceitável.
  3.   Na sentença, o juiz determinou que, como não foi possível determinar a vulnerabilidade da vítima (já que os exames toxicológicos mostraram que ela não estava alcoolizada nem drogada), valeria o princípio in dubio pro reo (expressão latina que significa literalmente na dúvida, a favor do réu).

Triste realidade da mulher desde sua existência primeira. E este é um caso que ganhou volume em visibilidade, já as meninas do Quilombo Kalunga4 ainda esperam por um desfecho satisfatório. São vítimas constantes de estupro há mais de vinte anos, geralmente pelos próprios patrões, homens de 20 a 70 anos de idade, de famílias classe média.

Quilombo Kalunga - Foto: Valter Campanato

As meninas entre 10 e 14 anos são entregues pelos responsáveis, em confiança, a famílias de Cavalcante (GO), para que possam terminar os estudos em troca de comida, abrigo e horário livre para irem à escola.  Tornam-se empregadas nestes lares e ficam expostas a todo tipo de violência, tais como: abusos, estupro, tráfico de crianças para o trabalho escravo, e exploração sexual. Em 2015, esses abusos ganharam destaque na imprensa pela conclusão de inquéritos da polícia civil, no entanto, até hoje, os culpados ainda não foram punidos.

Ok. Vou aliviar um pouco a indignação falando dos filmes que assisti ...

JR – Lá vem você de novo com ‘O Dilema das Redes’ e ‘Quanto Tempo o Tempo Tem?’

Sim. Quero deixar registradas as minhas impressões sobre esses filmes. Mesmo com uma diferença de cinco anos de produção entre eles, para mim foram complementares. Não em contexto, mas, sim, em relativização ao que se fazer do e com o seu tempo “livre”.

O primeiro me vendeu a ideia: ‘Essa invasão de privacidade e lobotomia vai dar merda, então vamos nos assegurar juridicamente que sairemos ilesos com um ‘mea culpa’, e para não perder a viagem, lobotomizar mais um pouquinho.’

O filme não apresenta novidades, tudo já era sabido por nós há muito tempo, claro que não com a riqueza de detalhes, mas a vigilância virtual é uma realidade desde 2004 com o Orkut, do Google, seguido do facebook, do Zuckerberg. Ele induz, mesmo que subliminarmente, àqueles que em tudo acreditam a realmente crer que têm o controle sobre o que ver e seguir nas redes.

E vem justamente num momento pandêmico, em que a internet é o grande, se não, único, caminho de comunicação e visibilidade equitária no mundo. Além da propaganda reversa, a partir do momento que citam repetidamente para diminuir, tomar cuidado com os ACESSOS ÀS REDES, o cérebro humano entende: ACESSE, VEJA AS OPINIÕES SOBRE, INFORME-SE MAIS ... De brinde cai em nossos colos de paraquedas os avatares do facebook, principalmente quem assistiu ao filme foram os primeiros a participar da brincadeira.

O segundo foi minha redenção, chamou-me de volta à realidade. O que realmente importa para mim? O que eu faço do e com o meu tempo? As novas tecnologias e a globalização promovem uma produção constante, crescente e simultânea de conteúdo e informação. Quem disse que preciso estar nesta velocidade atroz para ser considerada competitiva, atuante e produtiva? O compartilhamento da privacidade por meio de redes sociais é importante para quem? Filósofos, cientistas e religiosos têm percepções e teorias distintas sobre a contagem do tempo. Será que realmente dá pra contar o tempo?

JR - Enfim, Quanto Tempo o Tempo Tem? Quanto tempo até você saber pelo Presidente da República que o Brasil é um país de ‘maricas’?

O quêêêê?????? Acho melhor nem comentar, posso ser incluída no Mapa de Influenciadores que a BR+ Comunicação (empresa contratada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia) preparou e entrar para o grupo de ‘detratores’ do governo. Se bem que as atitudes governamentais que ganham foco e viralizam, para mim, são cortinas de fumaça para que assuntos como a mineração de urânio (o mundo querendo se livrar disso e a gente inventando ideia), o apagão do Amapá (tragédia anunciada para outros Estados neste verão), COVID-19 (isolamento e lockdown são NECESSÁRIOS, flexibilização é irresponsabilidade), entre outros, não sejam devidamente discutidos e noticiados amplamente.

JR – Calma, isso é só a beira do abismo, porque você vai despencar quando pensar no João Alberto Freitas assassinado no Carrefour, em Porto Alegre, e a cereja do bolo foi o presidente da Fundação Palmares chamá-lo de marginal. Ah! Bota aí na conta que agora racismo e homofobia podem ser também sintomas de bipolaridade, depressão e síndrome do pânico.

😮😯😡👿Para quem ainda insiste na teoria do “mimimi” ou “vitimização” indico assistir a série ‘Afronta!’ de Juliana Vicente, ou, ainda, rever caso já tenha assistido – Cara Gente Branca (Dear White People), baseado no filme homônimo de 2014, os capítulos 5 e 6 da 1ª temporada são perfeitos, altamente elucidativos.

Dica Extra – Série Documental: Sankofa – A África Que Te Habita, do fotógrafo César Fraga, e do escritor e professor Maurício Barros de Castro. São10 episódios, onde juntos, percorreram dezenas de cidades e povoados de 9 países do continente africano em busca de lugares de memória do tráfico transatlântico de pessoas negras.

JR – E as eleições? Novela internacional e nacional com capítulos interessantes: 

  • Biden que se cuide porque vai pólvora do Brasil pra ele. 
  • Washington Reis impugnado e reeleito, agora depende do julgamento do TRE, entretanto, independentemente do resultado, os bairros de Duque de Caxias que são atendidos pela empresa de transporte – Viação União – continuarão com o tempo de espera no ponto do ônibus de no mínimo 01 hora e 30 minutos, durante a semana, e aos domingos e feriados simplesmente NÃO têm. 
  • No Rio, parece que Zé Pilintra é o cara! Ainda bem.

E não pense que a deficiência da Viação União no atendimento à população dos bairros Parque Duque, Parque Beira Mar, Vila Guanabara e trechos da Vila São Luis em Duque de Caxias, é por causa da redução da frota em decorrência do COVID-19. Não, esta é uma deficiência de décadas. 

Chega JR! O mundo não vai me enlouquecer e tampouco me contaminar com um ódio sugestivo.

Então ... No início de novembro foram disponibilizados as últimas músicas e clipes do Projeto VC, álbum do cantor e compositor Victor Chaves, composto de dez canções e clipes; e um mini documentário. Uma delícia de se ouvir para quem gosta de letras e melodias simples, entretanto, carregadas de romantismo, verdades e de uma genialidade despretensiosa de Victor tanto como músico como arranjador.

A música “Claridade” é uma ode ao amor, literalmente, sua linha melódica me fez lembrar de Cesária Évora, cantora Caboverdiana que fez o gênero musical ‘morna’ tornar-se conhecido mundialmente, aliás, que delícia é a versão de ‘Mar Azul’ dela com Marisa Monte. Eita que dei uma viajada nos pensamentos... Como dizia ... Claridade é uma ode ao amor, um striptease sentimental. Quando Victor a postou no Youtube, só voz e violão, letra e melodia já faziam ecoar essa beleza íntima, e agora após a costura com outros instrumentos, virou um 'bolerão' que dá uma vontade danada de dançar.

"Mar de Estrelas" me parece ser o novo marco civilizatório da carreira de Victor, a letra já induz a isso - 'Chega de mentir pra si, é o fim do ciclo de velhas canções ...'. Confesso que fiquei triste por "Você Não Ama a Quem Você Deseja" não ter entrado no álbum, uma das minhas preferidas. Quando ele a publicou no youtube ela tinha uma levada meio Dire Straits, e seria interessante ver/ouvir o novo formato.

Em "Outra Vez, Te Amo", Victor apresenta de forma magistral o seu lado musicista, cada frase no violão de arrepiar.

Pessoalmente falando, a marca principal deste álbum será o de não conseguir desvincular as divertidas caricaturas inseridas no clipe de “Epifania”, dos músicos: o tecladista André Henriques agora reconhecerei como ‘André Lumita’ (uma espécie de fada, as lumitas, do RPG Galadar e os Sete Reinos); o baixista Ivan Corrêa passa a ser ‘Ivan Gnomo’ (se bem que pelas orelhas e nariz está mais para um Goblin); e o baterista Léo Pires virou ‘Leucomelas Pires’ (nome científico do sapo mineiro). Enfim, brincadeiras à parte, é um belíssimo conjunto de ações individuais: Letras; Melodias; Instrumentos; Voz... Parabéns Victor, valeu a espera!

E a você que chegou até aqui lendo essa turbulência de fatos, reflexões e impressões, experimentando de minha intimidade (subconsciência) desejo uma boa semana, e uma vida (saudável) com esperança e luz. Até a próxima!

“Todo grande sonho começa com um sonhador. Lembre-se sempre, você tem uma força interna, a paciência, e a paixão para alcançar as estrelas para mudar o mundo.” - Harriet Tubman

  

1Tipo subjetivo: adequação típica - O elemento subjetivo do crime — importunação sexual — é o dolo constituído pela vontade consciente de praticar a ação descrita no tipo penal, qual seja, praticar, na presença de alguém e sem a sua anuência, ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. No entanto, o dolo somente se completa com a presença simultânea da consciência e da vontade de todos os elementos constitutivos do tipo penal, mas, principalmente, do não consentimento da vítima. Com efeito, quando o processo intelectual-volitivo não abrange qualquer das elementares constitutivas do tipo penal, o dolo não se completa e sem dolo não se tipifica o crime de importunação sexual, e não há previsão de modalidade culposa. Trecho de: Anatomia do crime de importunação sexual tipificado na Lei 13.718/2018 – 30/09/2018.

2A lei foi criada para preencher lacunas do sistema penal em relação a crimes de cunho sexual, devido aos fatos ocorridos nos transportes públicos de São Paulo em agosto de 2017 (aqueles criminosos ejaculando em mulheres sem chance de defesa).

3... Segundo o promotor responsável pelo caso, não havia como o empresário saber, durante o ato sexual, que a jovem não estava em condições de consentir a relação, não existindo portanto intenção de estuprar – ou seja, uma espécie de ‘estupro culposo’. O juiz aceitou a argumentação. The Intercept Brasil – 03/11/2020.

4Comunidade quilombola Kalunga - Maior quilombo reconhecido oficialmente no país, contempla o território que abrange os municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás na Chapada dos Veadeiros, no nordeste goiano. Estamos falando de 253 mil hectares de terras, com uma população de aproximadamente entre 9 e 11.000 pessoas. Desses 253 mil hectares, apenas 31 mil foram titulados e entregues à Associação Quilombo Kalunga. O restante ainda se encontra em processo de regularização fundiária.


terça-feira, 6 de outubro de 2020

Nós Por Nós Mesmos!

 Por Conceição Gomes

Semana boa e com grandes notícias. Este, sem dúvida, é o texto que mais me agradou escrever. Saber e divulgar projetos consistentes, de altíssimo nível, do povo preto para o povo preto é uma satisfação pessoal! Axé/Amém!

A primeira boa notícia vem da área da SAÚDE. Pensando no problema do racismo estrutural, buscando dar visibilidade ao profissional de saúde negro e conectá-lo a pacientes que buscam representatividade e atendimento mais qualificado em diversas atuações da área de saúde, chega ao mercado a AfroSaúde, uma health tech de impacto social focada em desenvolver soluções tecnológicas em serviços de saúde para a comunidade negra.  


Na plataforma, o paciente poderá buscar médicos, dentistas, fisioterapeutas, doulas, nutricionistas, psicólogos e profissionais das mais diversas atuações em saúde de forma prática que entendam as especificidades da população negra para um atendimento mais qualificado.
http://app.afrosaude.com.br/#/

Bom isso, não?! Entretanto, um assunto ainda a ser muito explicado e discutido, e não apenas entre ou para racistas, até mesmo para aqueles que se veem não racistas, ou antirracistas, este, ainda é um universo a ser debatido à exaustão. Uma pequenina informação para aguçar a reflexão dos que acreditam que este tipo de ação não seria tão necessário nos dias de hoje.

... Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014, os negros (pretos e pardos) eram a maioria da população no país, representando 53,6% dos brasileiros. Atualmente, 80% da população cujo plano de saúde é exclusivamente o Sistema Único de Saúde (SUS) é negra. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (2015), das pessoas que já se sentiram discriminadas por médicos ou outros profissionais de saúde, 13,6% destacam o viés racial da discriminação.

Estudos mostram que o racismo não é uma questão vinculada especificamente ao SUS. Na rede privada, o racismo também está presente. A diferença nas taxas de mortalidade hospitalar é uma evidência...

Texto na íntegra em https://www.geledes.org.br/negros-sao-mais-suscetiveis-doencas-evitaveis-no-brasil/?gclid=CjwKCAjwq_D7BRADEiwAVMDdHr09XbqJGdWJciBeKgtX6KSzzldAO0DhXU4pT5NdSYYid9Bp464l_xoCdeEQAvD_BwE

 E a segunda excelente notícia vem da área JURÍDICA. Um coletivo de advogados reuniu-se para atender voluntária e gratuitamente às pessoas que sofrerem casos de racismo. O Respire Advocacia Antirracista é um projeto que reuniu um grupo de advogados espalhados por Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Brasília, inquietos e incomodados, para atuar contra o preconceito racial, seja ele expresso ou velado.

E tão inquieta quanto eles, entrei em contato com o Carlos Santos, idealizador do projeto, fiz algumas perguntas, e ele, gentilmente, nos respondeu. Veja abaixo:

Carlos Santos
Foto: Divulgação
O que; Quando; Como; Onde; Por que o projeto nasceu?

O Projeto Respire nasce de uma inquietação pautada pela minha vivência como homem negro e advogado. Há um tempo que milito nas redes contra o racismo, mas senti a necessidade de ir além do discurso. O Respire, portanto, nasce com a filosofia de efetivar uma luta contra o racismo, de concretizar o discurso antirracista. A indignação é importante, mas indignação por si só, internalizada em nós, não resolve esses problemas que são reais no nosso cotidiano. Não podemos viver apenas alternando indignações. Somado a essa vontade de enfrentamento efetivo do racismo, a alta propagação de casos de violência envolvendo pessoas negras foi decisiva para que o projeto saísse do papel. Convidei alguns amigos próximos que sei que possuem um engajamento na luta similar ao meu e juntos estamos levando o projeto à frente.

Qual é a estrutura orgânica, e como mantém a infraestrutura econômica do projeto?

Atualmente, não temos nenhuma estrutura física de funcionamento. Não temos uma sede. Atuamos, em regra, à distância, por meio eletrônico. Há casos em que existe uma demanda presencial, daí atendemos conforme a possibilidade ou urgência do caso. Até agora, tem dado certo. O projeto também não conta com recursos financeiros. Todo o custeio, por enquanto, é feito por nós mesmos colaboradores do projeto.

Falando financeiramente, já que são voluntários, como vocês atuam em relação à prioridade de casos? Exemplificando: Sofri um caso de racismo, quero acionar legalmente, entretanto, não tenho renda para pagar as custas de um advogado, procuro o Respire Advocacia Antirracista. Pergunto: Farei parte de uma lista em que o advogado disponível me atenda SOMENTE quando ele não tiver outro caso que o remunere, ou terei a mesma atenção e acompanhamento que um caso pagante?

A ideia é não fazer qualquer distinção entre os assistidos do Respire. Nenhum deles desprende nenhuma quantia, salvo quando for necessário algum documento pago, diligência ou algo assim. Mas até o momento, inclusive eventuais deslocamentos foram custeados por nós mesmos. O projeto não possui nenhum advogado trabalhando em tempo integral e com exclusividade. Os atendimentos são feitos no tempo livre de que dispomos. Todos os colaboradores vivem da advocacia, portanto também não temos como exigir dedicação exclusiva. Os casos são atendidos por ordem de chegada e conforme a urgência demandada. Se são casos que possuem prazos em aberto, damos prioridade a eles. Esse é o único critério que estabelecemos até mesmo pra não deixar a pessoa desassistida no tempo em que lhe couber se manifestar num processo, por exemplo. No início éramos 8 advogados, hoje já somos 15 (os demais foram incluídos na última semana). Apesar da demanda relativamente alta, estamos conseguindo manter um fluxo positivo de andamento. O fato de atendermos no nosso tempo livre, não significa que secundarizamos os casos. Alguns de nós dispõem de 1 hora por dia, outros um dia por semana, outros duas horas nos fins de semana. Na qualidade de idealizador do projeto, me sinto integralmente responsável pelos atendimentos e estabeleço uma meta pessoal de resposta. Foi a forma que identificamos de continuar tocando o projeto sem recursos, mas também de não deixar de atender ninguém. Esse é outro princípio que defendemos, inclusive. Todos os casos, sem exceção, devem obter resposta. Já temos portas fechadas demais na nossa cara pra reproduzir a mesma conduta.

Aproveito para divulgar a mentoria jurídica também gratuita que daremos a pequenos empresários negros que precisem atualizar ou formalizar seu negócio. Esse é um dos próximos serviços que disponibilizaremos. Entendemos que o empoderamento passa também pela questão econômica. Essa é uma forma de reconhecermos o enorme potencial criativo e de produção de riquezas da negritude. É preciso criar condições para que negros e negras estejam cada vez mais no topo, em posições de liderança e controle.

Foto: Divulgação
Minas, Bahia, Distrito Federal e São Paulo. Como outros Estados podem fazer parte do projeto?

A meta é continuar crescendo e ampliando nossa rede para mais Estados. Disponibilizamos em nosso perfil um link para que novos advogados se juntem a nós. Foi assim que os novos participantes ingressaram no projeto.

De forma simples, para que qualquer pessoa possa entender, o que é considerado crime de racismo e injúria racial? E suas respectivas penas.

Bom, inicialmente precisamos enfatizar que se tratam de leis distintas. A injúria racial, também chamada de injúria preconceituosa, é tratada pelo Código Penal, e se refere à ofensa dirigida a uma pessoa específica, em razão não apenas da sua cor, mas também da etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou ainda portadora de deficiência.

Já os crimes de racismo são vários e estão previstos na Lei 7.716 de 1989. O crime que guarda maior semelhança com a injúria racial é aquele definido no art. 20 da Lei 7.716, porém a diferença básica é que nesse caso a ofensa é dirigida a um grupo de pessoas, uma coletividade. Não se consegue “pinçar” quem seria o ofendido, embora ela de fato ofenda, humilhe, inferiorize toda uma minoria. Os demais crimes de racismo se referem a condutas impeditivas (negar ou impedir alguém de entrar numa loja, escola, restaurante, por exemplo. Se recusar a promover alguém no trabalho em razão da cor, impedir de usar o elevador social etc). Todos esses são definidos como crimes de racismo pela legislação.

Em relação às penas, ambos os crimes preveem pena de prisão de um a três anos e multa. A diferença básica consiste no fato de que os crimes de racismo são inafiançáveis e imprescritíveis por expressa previsão constitucional, enquanto a injúria racial só se tornou imprescritível recentemente devido a uma exemplar decisão do Superior Tribunal de Justiça.

Inúmeras Casas de Culto de Matriz Africana tiveram seus terreiros violados e ficou claro que as agressões não foram ocasionais ou pontuais, mas, sim, que essas agressões foram violentamente direcionadas contra todas as Casas de Axé.  Isso se caracteriza como racismo religioso? É crime? Que ações devemos tomar nesses casos?

O racismo tem várias faces e se manifesta de inúmeras formas. A destruição de Templos de religiões de matriz africana não é aleatória, é mais um reflexo da sociedade brasileira, historicamente racista, que alimenta um ódio enviesado a tudo que traz alguma lembrança da negritude. A profanação de Templos, bem como dos objetos de culto, é crime previsto tanto o Código Penal, quanto na Lei de Racismo (7.716, citada acima). O primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência e procurar auxílio jurídico. Pode-se também levar o fato diretamente ao conhecimento do Ministério Público para que tome as providências cabíveis. O mais importante é não se calar, não abaixar a cabeça para crimes dessa natureza. Precisamos combater o racismo em absolutamente todas as frentes, só assim conseguiremos pensar numa sociedade menos injusta e menos violenta.

Além do instagram, onde encontramos o Respire Advocacia Antirracista?

O Respire também pode ser encontrado no Twitter @ProjetoRespire. Em ambas as redes há um link com os formulários tanto para as vítimas de racismo quanto para outros advogados que queiram se juntar a nós. São todos muito bem vindos e só temos a somar. Por fim, tomo a liberdade de enviar link para o curso Raça e Justiça que irei ministrar no final de outubro. https://www.sympla.com.br/raca-e-justica-no-brasil__999636  O curso possui uma taxa simbólica de inscrição, mas há também um link de manifestação de interesse para aqueles que no momento não possam arcar com a inscrição. São todos bem vindos: https://forms.gle/Cmj9Skawk82RKfEV7

É isso, boas notícias devem ser compartilhadas!! E você que leu tudo e chegou até aqui, espalhe essas boas novas também. #JuntosSomosMaisFortes. Até a próxima!

P.S.: Uma rara ação extremamente positiva para a equidade profissional em nosso país, realizada pela empresa Magazine Luiza, que lançou um programa de trainees voltado para negros causou um enorme rebuliço. Um defensor público acionou a empresa judicialmente pelo feito. A Defensoria Pública da União soltou uma nota, hoje – 06/10/2020, explicando e dando seu parecer sobre o assunto:

É comum que membros da instituição atuem em um mesmo processo judicial em polos diversos e contrapostos e, por isso, é fundamental o respeito à pluralidade de pensamentos e à diferença de opiniões. Contudo, a representação judicial e extrajudicial da Defensoria Pública da União e a coordenação de suas atividades são atribuições do defensor público-geral federal (artigo 8°, I e II, da LC 80/94).

A política de cotas constitui-se em forte instrumento para a realização dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil de construir uma sociedade livre, justa e solidária, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Dessa forma, deve ser incentivada como forma de reduzir vulnerabilidades.

O caminho é longo e árduo ... contudo, encontraremos com a vitória no meio dela.


sábado, 5 de setembro de 2020

Te Pergunto: Até Quando?

Por Conceição Gomes

Foto: Reprodução Instagram
Cutucando a ferida! Assim percebi AD Junior nesta semana. O Blogueiro, Vlogueiro, Jornalista Digital, Ativista Social e apresentador do Trace Trends Brasil usa o humor sarcástico para falar coisas importantes e relevantes, o antigo deboche, e o usa magistralmente para nos fazer refletir e lembrar de atos passados e/ou pessoas que caíram no esquecimento.

O Brasil, definitivamente, é o país dos esquecidos. Propositalmente e literalmente, ou não!

AD provocou minha reflexão e memória com duas postagens no instagram de forma bem aguçada, e, para fechar a semana, uma notícia e pedido de adesão a um abaixo assinado foram a gota d’água para esse texto.

Sobre a atitude violenta, geralmente, não generalizando, dos policiais no Brasil. E quando AD faz a descrição, a tipologia desses servidores, é uma constatação triste e ao mesmo tempo profundamente esclarecedora para quem ainda tem dúvidas sobre racismo estrutural, neocolonialismo e lavagem cerebral de massa através do poder, religião e educação doutrinária. Aliás, uma boa dica sobre educação doutrinária é ler “A Educação na Alemanha Durante o Terceiro Reich e Seu Papel na Doutrinação das Crianças e Jovens” de Gabriele Alves Vicente e Marcos Antônio Witt.

Um trecho da postagem diz: ‘...muitos dos nossos algozes, quase sempre vieram do mesmo lugar que a gente. Que eles sabem quem somos e que eles consomem a nossa cultura... Vocês estão mais próximos da gente e são mais parecidos conosco, do que com o sistema que vocês juraram proteger.’

A reflexão é sustentada na pergunta que AD faz: ‘Você conhece algum filho de rico que sonha em ser policial?’. 

Honestamente, tenho apenas conhecimento de alguns jovens classe média, claramente estimulados por games americanos, que integraram as Forças Especiais Policiais (CORE, BOPE, SOE etc.). Salve Capitão Nascimento!

Sobre o Ginasta Ângelo Assumpção, o mini currículo do atleta de 24 anos passeia por: Campeão da Copa do Mundo de Ginástica Artística, Tricampeão Sul-Americano, Hexacampeão Brasileiro Individual e por Equipe. E, com tudo isso, o cara está DESEMPREGADO. Aí, você pode estar pensando – ‘Ah! Mas, o Brasil inteiro está passando por isso.’ Ok. Porém, vamos saber o porquê?

Resumidamente, Ângelo foi alvo de comentários racistas em um vídeo por seus companheiros de equipe, no Snapchat de Arthur Mariano, em 2015. Rolou suspensão, processo etc. Entretanto, os abusos não pararam em 2016 quando o STJD arquivou o processo. Por ser bolsista, não associado do Clube Pinheiros, e não expressar gratidão por sua classificação social, os ataques continuaram.

E, em 2019, ao se queixar com a diretoria do clube sobre essas ações racistas dos técnicos e colegas de profissão, foi suspenso, e ao fim da suspensão sua carta de DEMISSÃO chegou. Se bateu curiosidade sobre os detalhes, procure na internet e deixe de preguiça, rs.

Neste momento em que o assunto ‘antirracismo’ está sendo referenciado nas mídias e redes de forma assídua, com hashtags, telas pretas, acredito ter chegado a hora de pô-lo em prática. Cadê o clube que vai colocar a cara na janela e comprar essa briga? Qual empresa vai assumir a postura antirracista e patrocinar Ângelo?

Fechando a conta da semana, recebo e vejo várias mensagens e posts sobre o musicista Luiz Carlos Justino, integrante do projeto ‘Orquestra de Cordas da Grota’ (Grota é uma comunidade em Niterói). * O violoncelista, negro, foi parado em uma blitz no Centro de Niterói e preso. Contra ele havia um mandado de prisão por um crime a mão armada que ele teria cometido em 2017, na Vila Progresso.

Luiz Carlos Justino - Foto: Mariana Gama

Contudo, existe comprovação em foto e vídeo de que no momento do crime, Luiz estava trabalhando, se apresentando no Le Dépanneur Delicatessen, em Piratininga – Niterói. Se você quer ter um pouquinho mais de comprovação sobre Luiz Carlos, a Orquestra de Cordas da Grota e Le Dépanneur tudo junto e ‘mixturado’ leia essa matéria publicada no Extra, de 24/03/2017, por Wilson Mendes. https://extra.globo.com/noticias/rio/musicos-de-comunidades-carentes-fazem-sucesso-com-violinos-violoncelo-21107957.html

Mediante a mais uma ação sem a prévia investigação, os amigos e parentes temerosos com esta nossa justiça tão precisada de ajustes em sua balança, criaram um abaixo assinado na tentativa de dar visibilidade ao caso e, assim, resolvê-lo o mais rapidamente possível.  

Luiz Carlos Justino (RJ), Rafael Braga (RJ), Gabriel Silva Santos (BA), Leonardo Nascimento (RJ), Vinicius Romão da Silva (RJ), Matheus Fernandes (RJ), Gabriel Souza (SP), Marcelo Dias (SP) ... Esses nomes são de homens, jovens pretos, que foram presos injustamente ou sofreram injúrias na internet. Evitei os assassinatos para não ser acusada de estar fazendo mimimi ... São atores, dj’s, fotógrafos, musicistas, gays, estudantes, moradores de rua ...

São pessoas. São HUMANOS. “Humano” vem do latim HUMANUS, relacionado a HOMO, “homem”, e HUMUS, “terra”, pela noção de “coisas terrestres”, em oposição a “seres divinos”, de uma raiz sânscrita MAN, “homem”.

A definição de humano pode ser escolhida como substantivo masculino: Homem; o ser humano; o indivíduo que pertence à espécie humana. Ou como adjetivo: Relacionado com o homem, indivíduo dotado de inteligência e linguagem articulada, pertencente à espécie humana.

Perceba que em nenhum dos casos acima cores, credos ou sexualidade estão relacionados. Embora, todos esses elementos sejam fundamentais para uma ação, considerada pelo ator que a comete, como justa, ou no mínimo, preventiva.

Segue a pergunta: Até Quando? Esta será a minha hashtag sobre esses assuntos de agora em diante #TePerguntoAteQuando.

Chadwick Boseman

The Black Panther lives! Wakanda Para Sempre!


* P.S.: Uhuuuu!! Boa notícia!! Luiz Carlos Justino foi solto. Trechos da sentença do juiz de plantão que acolheu o Habeas Corpus:

 " percebe-se que no mesmo dia a vítima registrou o fato e já lhe foi apresentado um álbum de suspeitos. Se este álbum não foi constituído de uma prévia investigação sobre os fatos, o que levou a supor que certos indivíduos possam ter participado do crime, este álbum de suspeitos só pode significar na acepção do Dicionário Aurélio, um álbum de pessoas ´que inspiram desconfiança´. Indaga-se: por que um jovem negro, violoncelista, que nunca teve passagem pela polícia, inspiraria ´desconfiança´ para constar em um álbum? Como essa foto foi parar no procedimento?"

"Com efeito, se de um lado temos um jovem violoncelista, sem antecedentes, com amplos registros laborais, com formação em Música por anos, sendo dotado de sofisticados conhecimentos decorrentes de sua formação musical, como domínio sobre leitura de partituras, músicas eruditas e técnicas de solfejar; que é bem quisto pela comunidade, tudo conforme documentos; e, de outro lado, temos um relatório policial que não explica como sua foto constou do álbum sem que houvesse uma investigação prévia, esta incongruência fragiliza a utilização do reconhecimento para sustentar uma prisão cautelar, vez que não há documentação da cadeia de custódia da prova. Em resumo, um suspeito sem investigação prévia, que já é apresentado em um álbum no ato do registro da ocorrência, é um suspeito que precede o próprio fato. É uma espécie de suspeito natural."

" Saliente-se que a liberdade do acusado ao longo desses dois anos não gerou qualquer problema para a sociedade, pois não responde a qualquer outro crime, sendo que a única organização de que se tem notícia a que o mesmo pertence é uma organização musical. Ao que parece, ao invés de gerar perigo, nesses 03 anos, vem promovendo arte, música e cultura."

Parabéns, Meritíssimo/ Excelentíssimo Juiz!!!



terça-feira, 4 de agosto de 2020

Muito Barulho e Otras Cositas Más!

Por Conceição Gomes

Com ou sem isolamento o mundo continua funcionando a pleno vapor e são tantos assuntos relevantes ou não, que vou pincelar o que mais chamou minha atenção nos últimos dias.

Começarei com o assunto Felipe Neto. Foi um ‘bafafá’ o vídeo postado no New York Times em que o youtuber expressou sua opinião político-social sobre o Brasil, fazendo uma correlação bem-humorada entre Donald Trump e Bolsonaro. https://www.youtube.com/watch?v=VxmzUEGOzk0

Não discuto nem opino sobre o conteúdo, o que vi com o fato foi: um brasileiro insatisfeito com a política de seu país, que vive da mídia, e foi convidado por um setor do New York Times que caça personalidades no mundo detentoras de número significativo de seguidores, para emitir opiniões pessoais sobre algum assunto. Claramente tudo é pré-determinado e redigido de comum acordo entre ambas as partes, afinal, ninguém quer sair mal na foto e uma pitada de ‘buchicho’ vale muitos views.

Mas, o que realmente chamou minha atenção nesta história foi o comentário de um ex-colunista do NYT, Seth Kugel, dono de um canal no youtube chamado ‘Amigo Gringo’, que faz uma análise sobre o vídeo do Felipe. Podem me chamar de louca, a que vê teoria da conspiração em tudo, mimimi, enfim, o que quiserem, mas, o desconforto do Gringo pelo fato de o Felipe ser uma pessoa de um país considerado por eles do terceiro mundo, expondo que eles também têm telhado de vidro, é claro como água. https://www.youtube.com/watch?v=hLZ_uA6Ht18 

O gringo, por 16 minutos, critica a pronúncia de Felipe, sendo que, como ele mesmo se intitula, gringo, fala no vídeo um português compreensível, embora muito longe da perfeição, ou seja, o sujo falando do mal lavado. Foi aí que passei a gostar realmente do vídeo do Felipe e deu vontade de falar para o Seth: Ahá! Viu como é bom ouvir de um estrangeiro críticas sobre o seu país? Pois é, ouvimos de vocês esse tipo de comentário a vida inteira. Chupa essa manga, gringo!

Outro assunto que encheu as ‘timelines’ de comentários empáticos ou preconceituosos foi a campanha para o dia dos pais da Natura. Confesso que, no início, fiquei muito irritada com os comentários e atitudes, porém, depois achei até graça. Meu povo é muito ingênuo mesmo, pelo menos prefiro acreditar que o seja...

O povo que ficou se digladiando sobre o assunto nem parou para pensar na grande jogada de marketing que foi a peça publicitária. É óbvio que a Natura sabia o impacto que a propaganda causaria, sendo o Brasil um país machista e preconceituoso. Todavia, isso a deixaria em evidência total, o que em tempos de pandemia, financeiramente falando, seria perfeito e o foi: as ações explodiram na bolsa de valores.

Pausa nas notícias da web para um momento de orações e desejo de total recuperação para duas amigas com problemas sérios e delicados de saúde (não é COVID).

Reenergizada pelo contato com o sagrado, volto à vida confinada, mas com grandes e várias atividades a fazer. Nesta montanha russa de sensações, alguns momentos felizes:

  • Devido ao último texto aqui publicado, fui convidada a participar da live Dia a Dia e Pandemia, das minhas amigas Claudia Nogueira e Blanche Ferreira. O papo rolou sobre antirracismo e foi muito bom. Amei meninas, gratidão! https://www.youtube.com/watch?v=TJ6wRml-U_k
  • E como uma coisa leva a outra, Thiago Lopes, criador do projeto Injeção de Autoestima, ao ouvir meu último episódio no Podcast do E aí, convidou-me para participar de uma minissérie de três capítulos sobre o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Outro desafio lacrador. Gratidão, Titi! https://www.youtube.com/watch?v=1IljjJaZF9I&t=321s
  • Falando nisso, o Podcast do E aí?! foi premiado no programa #CulturaPresenteNasRedes. Opa, spoiler!!! Em breve mais notícias.
  • Candaces Presente! Opa, outro spoiler .... Esse assunto fica para depois.
  • ‘Lorna Washington – Sobrevivendo a Supostas Perdas’ já está disponível no NOW, Vivo Play e Oi Play para alugar; e, no dia 10 de agosto, às 19h, totalmente free, estreia no Canal Brasil. Uhuuu! Tive o privilégio de participar da produção deste filme de Leonardo Menezes e Rian Córdova. O documentário descortina a vida de um grande ícone LGBTQIA+ carioca que fez história nas boates, nos anos de 1980.
  • Já comentei aqui que esse tanto de lives me enlouquece, mas não posso negar que têm sido um alento e alimento em tempos de isolamento social. A parte a da Teresa Cristina que é hors concours, as lives de famosos estão caindo no lugar comum, sem grandes novidades. Eis que vejo uma postagem de uma grande amiga, Laura Lagub, sobre um show live que ela fez, “Daqui de Dentro”. Caraca! é a tradução fidedigna da máxima ‘menos é mais! ’. Que show! Que presença de palco! Que astral ... O que foi La Vie en Rose na versão xote?! Com certeza, se viva fosse, Édith Piaf iria dançar e aplaudir muito avec plaisire! E a cereja do bolo acontece aos 36’50” do vídeo, quando Laura canta ‘Eu Nem Sou’, de sua própria autoria. Que MÚ – SI - CA!!! Parabéns, Laurinha, saúde e sorte, SEMPRE!! https://www.youtube.com/watch?v=p7wMie_nNZM&feature=youtu.be&fbclid=IwAR0mi-sFnRamKNaSM2eNScaCxEUbrUinMu6mJ23nbnRuUf-Jk_qjexBKANA

E falando em live, foi em uma da SECEC-RJ (Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa) que conheci João Campany e sua peça ‘Nossa Última Call’, representada por ele e Malu Falangola.

Essa pandemia atiçou a criatividade artística de uma forma nunca antes imaginada. Jamais pensei que um dia iria assistir a uma peça teatral no celular pelo instagram. E foi a experiência mais fantástica que presenciei, desde a invenção da Skype. #PanoRápido: Alguém ainda usa Skype?

Mas, voltando à peça. Uma tragicomédia realizada por videochamada sobre a história de um casal que adia o casamento devido ao isolamento social, uma vivência real do momento em que passamos. Um texto dinâmico, divertido, e acessível, interpretações primorosas que se acentuam no ineditismo tanto da execução, quanto da criatividade cênica. Vale muito a pena assistir, super indico. Domingo próximo será a última apresentação no instagram deles @malufalangola e @joao_campany, às 20h.

E ... acabaram os assuntos. Ah! Para finalizar.... Se até hoje tenho dificuldades em ter na carteira uma nota de cem, imagino que só verei a de duzentos reais com o seu lobo guará estampado lá pelo final de 2021. Vida que segue, e até a próxima!


sexta-feira, 19 de junho de 2020

Saia Injusta

Por Conceição Gomes

Ilustração - Marcelo Coelho

Estava assistindo a reprise do Saia Justa com as poderosas e empoderadas Astrid Fontenelle, Mônica Martelli, Pitty, Gaby Amarantos, e a convidada era a Manu Gavassi. O papo das meninas estava super interessante, e dois pontos chamou minha atenção por falarem, de certa forma, direta e indiretamente sobre mim.

O primeiro ponto foi sobre lives, canais nas redes sociais, seguidores, influenciadores, visualizações, curtidas ... enfim, quem explode, os top streamings; e o outro ponto foi o ócio criativo.

Há algum tempo descobri que quantidade não significa qualidade, números estratosféricos de visualizações não significam que a postagem foi lida, assistida, ouvida ou absorvida, significam apenas que alguém clicou ali. Cada um foca, presta atenção naquilo que é de seu interesse próprio ou comum.

Com a pandemia as lives vieram com força total. No início era bem interessante. Com o passar do tempo temos live de tudo e de qualquer coisa!! Desculpe a sinceridade: mas, que infeeeeerrrrrnnooooo isso gente😈?! Não pelo assunto e/ou pessoas, mas é que não dá tempo de você assistir a toda que interessa ou seja necessária assistir. Isso sem falar nas travas que rolam na conexão, internet lenta, pesada, insatisfatória, seu vizinho pegando carona no wi-fi 😡... São inúmeras causas de uma live ficar pela metade.

A Mônica (Martelli) ainda comentou sobre isso: ‘Que legal ter live até de Dentista.’ Super concordo com você Mônica, mas é com hora marcada? E eu espero que ele não marque na hora da live da Teresa Cristina, porque aí dá ruim!

Todas abordaram pontos de vista positivo para essa reinvenção humana durante e pós-pandemia. É extremamente positivo toda sociedade poder se expressar e levar algum conhecimento para outras pessoas. Entretanto, percebi o quanto o distanciamento social pode nos deixar ‘jiboiando’ na frente da tela do computador ou celular. Me peguei assistindo a uma live da NASA, em que fiquei minutos intermináveis olhando para a Terra do espaço ... gente é relaxante 😒... tinha 303 mil views ...

Enfim, pós-pandemia não faço ideia do que será a vida da gente sem tempo para assistir lives.

O outro ponto que elas debateram foi o tal do ócio criativo, muito bem defendido pelo sociólogo italiano Domenico De Masi, que criou o termo. Compreendi a tese dele que nada mais é do que o óbvio: Se a gente não parar para olhar para o céu, só perceberemos a chuva quando ela cair, ou seja, ficar parado não significa não produzir ou perceber o mundo a sua volta, o que eu acho PERFEITO! Porém ... brasileiro é um bicho esquisito!

Se você está lá, paradão, olhando para o céu, você é vagabundo. Se você está assistindo a live da NASA, você não está fazendo nada de útil. Para fazer parte do ‘meio’ você precisa estar fazendo (é pra isso que serve o gerúndio, gente!!) mais de uma coisa ao mesmo tempo, porque uma coisa só nesses inúmeros testes com que o facebook inferniza a nossa página, significa que você é medíocre, limitado. Então, você tem que fazer mil coisas para poder corroborar o tal ócio criativo. Se me ne frega un cazzo cosi!😡

Mania que brasileiro tem de colocar as pessoas em escaninhos, definindo quem é o quê, determinando quem faz o quê ... O chinês Yuan San fez duas noites de live dele dormindo, literalmente, e ganhou o respectivo em Real, o valor de 18.600,00. Agora me diz, ele estava utilizando o direito dele do ócio criativo para ganhar dinheiro, ou ele estava vagabundeando?

O que eu sei é que:

1 – Nunca trabalhei tanto na minha vida como nessa gripezinha que nos colocou de ‘noventena’.

2 – Não peguei o COVID-19 (ainda, e espero nem chegar perto, se ele ainda tivesse 1,80cm, olhos cor de mel 😎...) porque na infância usei muito a pasta de dente Kolynos que tinha cloroquina.

3 – Um país consegue sobreviver um mês sem Ministro da Saúde em plena pandemia.

4 – Laranja é a fruta mais brasileira que existe, não importa o pomar de onde ela saiu.

5 – A Globo é muito, muito PHODA conseguiu fazer o Japão cancelar as Olimpíadas.

6 – Fábio Assunção é Ifista. Ifismo não é candomblecismo.

7 - Black Lives Matter desde que o mundo é mundo, quando acabar o isolamento social e a vida voltar ‘à normalidade’ elas ainda importarão para você? Qual atitude você tomará na sua vida para mudar esta realidade de ódio, racismo e preconceito? Você que tem uma vivência branca e postou #BlackoutTuesday, vai deixar eu falar de mim e do meu povo, ou continuará falando POR mim e pelo meu povo para ganhar mais views e eleições?

A vida é o que é e ponto. Uma coisa invisível nos obrigou a diminuir a velocidade, a olhar para si e para o outro, nem que seja através de uma live. Quantos likes e views valem o meu trabalho? Para o youtube pelo menos mil. Tenho o poder de influenciar alguém com o meu conteúdo? Quem sabe? Quem me lê, quem me ouve?

A Taís Araújo perguntou à Ivete Sangalo numa live: Por que a Margareth Menezes não tinha o mesmo sucesso que a Ivete? Eu pergunto: Por que a Zezeh Barbosa não fez o mesmo sucesso que a Taís?

A saia injusta do racismo estrutural esteve presente na pré-pandemia, está na pandemia, e continuará no pós-pandemia? Acredito na ação individual formando o coletivo. E tal como Maya Angelou, ainda assim eu me levanto!

Você pode me riscar da História
Com mentiras lançadas ao ar.
Pode me jogar contra o chão de terra,
Mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.

Minha presença o incomoda?
Por que meu brilho o intimida?
Porque eu caminho como quem possui
Riquezas dignas do grego Midas.

Como a lua e como o sol no céu,
Com a certeza da onda no mar,
Como a esperança emergindo na desgraça,
Assim eu vou me levantar.

Você não queria me ver quebrada?
Cabeça curvada e olhos para o chão?
Ombros caídos como as lágrimas,
Minh’alma enfraquecida pela solidão?

Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza de que sim
Porque eu rio como quem possui
Ouros escondidos em mim.

Pode me atirar palavras afiadas,
Dilacerar-me com seu olhar,
Você pode me matar em nome do ódio,
Mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.

Minha sensualidade incomoda?
Será que você se pergunta
Por que eu danço como se tivesse
Um diamante onde as coxas se juntam?

Da favela, da humilhação imposta pela cor
Eu me levanto
De um passado enraizado na dor
Eu me levanto
Sou um oceano negro, profundo na fé,
Crescendo e expandindo-se como a maré.

Deixando para trás noites de terror e atrocidade
Eu me levanto
Em direção a um novo dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom de meus antepassados,
Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto.



terça-feira, 3 de março de 2020

5ª Edição do Prêmio Machine

Por Conceição Gomes

Arte: Daniel Luan
Em 2020 o Prêmio Machine – Bastidores do Carnaval Carioca reconhece e premia também os profissionais dos desfiles da Intendente Magalhães (isso é que é bastidores meerrrrmo). Serão 11 categorias e consequentemente 11 premiados avaliados e selecionados dentre as 32 agremiações que desfilaram em três dias. Eis os indicados:






Intendente Magalhães 2020

Ala das Baianas:
  • Lins Imperial
  • Engenho da Rainha
  • Unidos do Cabuçu 
Ala de Passistas:
  • Rosa de Ouro (Mirim)
  • Difícil é o Nome
  • Engenho da Rainha 
Carnavalesco:
  • Marco Antônio Falleiros e Lucas Milato - Em Cima da Hora
  • Ismael Costa Silva e André Araújo – Acadêmicos do Jardim Bangu
  • Léo Jesus - Engenho da Rainha 
Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira:
  • Francisco Alves e Grazy Santos Alves - Vila Santa Teresa
  • Wladimir Bulhões e Ângela Bulhões - Difícil é o Nome
  • Diego Moreira e Beatriz Paula - Botafogo Samba Clube 
Comissão de Frente:
  • Lins Imperial
  • Em Cima da Hora
  • Unidos do Jacarezinho
Destaque / Revelação:
  • Douglas Diniz (Intérprete da Engenho da Rainha - 21 anos – 1ª vez como intérprete oficial)
  • Viviane Oliveira (Coreógrafa de Passistas da Independentes de Olaria)
  • Ana Paula Café (Apoio de Destaque da Em Cima da Hora)
Diretor de Harmonia:
  • Wilson Valadão - Passa a Régua
  • Alexandre Bomba e Wallace Oliveira - Em Cima da Hora
  • Nelson Marinho e Rodrigo Pretta - Independentes de Olaria 
Enredo:
  • “Fulô de Maria” - União do Parque Curicica
  • “Madonas Negras do Brasil” - Leão de Nova Iguaçu
  • “De Roliúde ao Sertão: Luz, Câmera, Ação!” - Engenho da Rainha 
Intérprete:
  • Kisandro Lourinho - Vicente de Carvalho
  • Hudson Luiz - Imperadores Rubro Negros
  • Aílton Santos – Unidos do Jacarezinho 
Mestre de Bateria:
  • Passa Régua – Mestre Théo
  • União do Parque Acari- Ronaldo Izidoro
  • União de Maricá – Mestre Armando Guilherme 
Velha Guarda:
  • Império da Uva – Alvinho
  • Independentes de Olaria- Roseli
  • Sereno de Campo Grande – Tia Vera
  
Mais uma novidade, além da premiação que contemplará as agremiações da Intendente Magalhães, o Prêmio Machine incluiu na categoria Cobertura Jornalística (Sambódromo) a modalidade Repórter/Redator. E os indicados foram:

Sambódromo 2020

Serviços

Limpeza:
  • Antônia Eliseu da Pereira
  • Regina Célia de Almeida Montemor
  • Ana Cristina das Neves Salviano
Montagem e Desmontagem:
  • Alessandro Queiroz de Andrade
  • José Carlos Foster Queiroz
  • Leandro José da Conceição Dias 
Segurança:
  • Índio Severino Silva
  • Milton Lima Santos
  • Silvio dos Santos Filho
Cobertura Jornalística

Assessoria de Imprensa: 
  • Joice Hurtado – Salgueiro
  • Amanda Cunha – Estácio de Sá
  • Mariana Basílio – Vigário Geral

Fotógrafo:
  • Ide Gomes – Estadão – Foto: Mangueira
  • Cris Gomes – SputnikNews – Foto: Vigário Geral
  • Foto: Meri Teles - Comlurb
  • Meri Teles – Comlurb – Foto: Mocidade
Foto: Ide Gomes - Estadão
Foto: Cris Gomes - SputnikNews

Jornal / Revista (Físico e/ou Online):
  • Revista Explosão In Samba
  • Jornal Extra
  • Jornal O 4

Rádio / Web Rádio:
  • Rádio Tropical 830AM – Programa Sambarerê
  • Rádio Ativa FM 98,7 – Programa Empodera Samba
  • Rádio Arquibancada

Repórter / Redator:
  • Rafael Max – O Repórter.com
  • Marco Antônio (Marcão) – Carnaval Carioca
  • Guilherme Alves – Mais Carnaval

Site / Blog:
  • Blog Samba na Intendente
  • Portal Sambistas da Depressão
  • Site Samba é Paixão

TV / Web TV:
  • Mais Carnaval
  • TV Rádio Revolução Web/FM
  • VR Web TV 
Preparação de Desfiles

Ala das Baianas:
  • Beija flor
  • U.P.M.
  • Belford Roxo 
Apoio ao Destaque:
  • Nádia Maria – Beija Flor
  • Daniela Amorim – Vigário Geral
  • Ribamar – UPM 
Ala da Força:
  • União da ilha do Governador
  • U.P.M.
  • Beija flor 
Coreógrafo de Ala:
  • Renata - Rocinha
  • Bira Dance - Grande Rio
  • André Lúcio – Viradouro 
Coreógrafo de Ala de Passistas:
  • Elizabeth e Gabriel - Vigário Geral
  • Hellen Beatriz e Felipe Nascimento - Unidos de Bangu
  • Júnior Lima - Império Serrano 
Coreógrafo de Comissão de Frente:
  • Beija flor- Marcelo Misailidis
  • Unidos de Padre Miguel- David Lima
  • Viradouro- Alex Neoral 
Destaque Fantasia:
  • Fabíola David – Beija Flor
  • Maurício Pina – U.P.M.
  • Danilo Gayer – Grande Rio 
Diretor de Harmonia:
  • Andrezinho, Cacá, Clayton, Helinho Aguiar e Jefferson - Grande Rio
  • Jorge Arthur - Imperatriz Leopoldinense
  • Nívea Maria e Edvaldo Fonseca – Renascer 
Escola de Samba Mirim – Estrelinha da Mocidade

Maquiagem:
  • Vila Isabel
  • Salgueiro
  • Unidos da Tijuca 
Mestre de Bateria:
  • Lyon – Sossego
  • Gustavo/Guilherme - Salgueiro
  • Nilo Sérgio – Portela
Mestre de Cerimônia do Primeiro Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira:
  • Vila Isabel - Ana Formighieri
  • Viradouro – Celeste
  • Estácio de Sá – Leandro Rufino
Velha Guarda:
  • Vigário Geral
  • São Clemente
  • Estácio de Sá 

Rosa Magalhães - Foto: Divulgação
Homenagem Especial – Rosa Magalhães, professora, artista plástica, figurinista, cenógrafa e carnavalesca. Além de um currículo invejável como carnavalesca, Rosa também se destaca em outras áreas, criou o espetáculo da Cerimônia de Abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 que aconteceu no Estádio do Maracanã no RJ, pelo qual recebeu no ano seguinte, em Nova Iorque, o mais importante prêmio da televisão mundial, o Emmy de melhor figurino; e ainda, foi responsável pela Cerimônia de Encerramento das Olimpíadas de 2016, disputada também no RJ.

Vô Macumba - Foto: aloisiovillar.blogspot.com 
Lenda Viva do Carnaval - Wandyr Trindade, o Vô Macumba, nasceu no bairro da Abolição, subúrbio do RJ, e desde criança o gosto pelo carnaval e futebol foram seus fiéis parceiros de vida.

Como jogador, passou pelos clubes do Madureira e Cruzeiro e nessa época ganhou o apelido de "macumba", porque driblava e segurava a bola na cabeça, sem deixar cair. Quem via dizia que era o seu topete que segurava a bola, mas depois que tirou o topete, ainda assim Wandyr conseguia manter a bola na cabeça. E por isso, diziam que ele fazia macumba ou mágica para segurar a bola. (Trecho da sinopse do enredo ‘Wandyr Trindade Sua Estrela Vira Um Sonho Na Avenida’ da GRES Acadêmicos do Dendê de 2016).

E sua paixão pelo carnaval e pela GRES Mocidade Independente de Padre Miguel o levou à Presidência da agremiação em 2014 e se manteve no cargo até 2019.

Completando as categorias especiais o WikiBambas vai para a Velha Guarda da Portela, e o Compromisso Social para a Comlurb e para o Carvalhão, empresas importantíssimas para que os desfiles ocorram da melhor forma possível. Serão 34 profissionais premiados + 04 personalidades e/ou empresas agraciados nesta edição do Prêmio Machine.


A cerimônia de premiação será dia 21 de março – sábado – às 20h – na Quadra da Portela – Rua Clara Nunes, 81 – Oswaldo Cruz. Quem quiser conferir ‘in loco’ os vencedores desta edição, basta entrar em contato com a equipe do Prêmio, ou a Equipe Machine, ou ainda, a equipe da Casa do Sambista para adquirir o convite, a entrada será SOMENTE PERMITIDA com a apresentação do convite.

E para quem quiser fazer a cobertura jornalística da cerimônia, é só se credenciar através do e-mail coordenação.calixto@premiomachine.com.br ou pelo WhatsApp 21 99313-2974, mas antes entre em contato para saber as regras e normas de credenciamento.

E aí, tá esperando o quê para presenciar esta linda e justa homenagem aos que são, REALMENTE, responsáveis pelo maior espetáculo da terra?!