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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A Deusa Soberana de Nilópolis Desfila na Passarela da Guiné

“... ao revisitar o sofrido continente africano, nossa proposta principal é mostrar que é possível sim ter esperança de que um povo massacrado, cansado e desiludido, seja capaz de renascer, aos poucos, com sonhos vigorosos, planos precisos e metas concretas; projetando uma nova África, ou uma nova perspectiva para a África, calcada no progresso propiciado pelo "ouro negro" e nos ideais de unidade, paz e justiça, reafirmados tal qual um mantra. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade, porque neste carnaval, os caminhos da África nos conduzem à Guiné Equatorial.”

O trecho acima faz parte da introdução do enredo de 2015 da G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis, enredo esse que recebeu a pomposa denominação "UM GRIÔ CONTA A HISTÓRIA: UM OLHAR SOBRE A ÁFRICA E O DESPONTAR DA GUINÉ EQUATORIAL. CAMINHEMOS SOBRE A TRILHA DE NOSSA FELICIDADE". A última frase faz menção ao hino nacional da Guiné, por isso, o E aí?! Foi atrás de informações que pudessem ajudar os leitores a saberem mais sobre esse país do Continente Africano, e descobrir suas semelhanças e diferenças com o nosso país. Brasil/Beija-Flor x/= Guiné Equatorial/África.
Bioko
A Guiné Equatorial, oficialmente República da Guiné Equatorial, é um país da África Ocidental, dividido em vários territórios descontínuos no Golfo da Guiné. Colonizados por Portugueses e Espanhóis, em 12 de Outubro de 1968 tornaram-se num país independente da Espanha.Está dividida administrativamente em sete províncias, entre parênteses suas respectivas capitais: Ano Bom (San Antonio de Palé), Bioko Norte (Malabo), Bioko Sur (Luba), Centro Sur (Evinayong), Kie Ntem (Ebebiyin), Litoral (Bata), Wele Nzas (Mongomo).   É o único país da África de língua oficial castelhana. Os idiomas mais falados são o fang e o Pidgin Inglês, que não são línguas oficiais. Apesar de a Guiné Equatorial ter decretado a língua francesa como língua oficial, ela não é falada no território. No entanto, na ilha de Ano Bom ainda se usa o chamado Fá d'Ambô, ou seja, o Falar de Ano Bom, uma língua crioula de base portuguesa. 
Malabo
O país segue o regime de República Semipresidencialista onde o presidente, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, divide a responsabilidade do governo com o Primeiro-Ministro, Vicente Ehate Tomi. O presidente decretou que o português seria uma das línguas oficiais, ao lado do espanhol e do francês, para isso o país precisava do apoio dos oito países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, para difundir o ensino da língua portuguesa no país, e na formação profissional e acolhimento dos seus estudantes pelos países da comunidade lusófona. Em Julho de 2012, a CPLP recusou o pedido da Guiné Equatorial em ser aceita como membro de pleno direito desta comunidade; as razões foram as denúncias de constantes violações dos direitos humanos no país. Porém, finalmente em 23 de julho de 2014, na X Cimeira da CPLP em Díli 1, capital de Timor-Leste, através de um consenso, o país foi aceito como membro de pleno direito, no entanto, terá que abolir a pena de morte.
Bata
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país medido em 2013 é de 0,556 ocupa o 144º lugar no ranking. A Guiné Equatorial tem uma população jovem (41,5% não supera os 15 anos) com uma taxa de natalidade por volta de 34,88 por mil e uma taxa de mortalidade de 8,81 por mil. A esperança de vida é de 61,75 anos para os homens e 63,78 para as mulheres. Cerca de 4,1% da população tem mais de 65 anos. A taxa de alfabetização entre os adultos estava em 1992 em 52%, mas chegou a 87% em 2011. A maioria da população ainda vive em zonas rurais. Em comparação com o Brasil que, O IDH subiu uma posição e superou a média da América Latina e Caribe. Com isso, o país ocupa o 79º lugar no ranking mundial com 187 países. O índice brasileiro é 0, 744 (O IDH mais alto é o da Noruega com 0, 944). A expectativa de vida dos brasileiros é de 73,9 anos; a média de escolaridade entre os adultos é de 7,2 anos; a expectativa de tempo de estudo é 15,2 anos; e a renda nacional per capita anual é de US$ 14.275 (cerca de R$ 37.390 com o câmbio atual). A principal riqueza da Guiné Equatorial é a agricultura e a pesca, com produtos como o algodão, café, cana de açúcar etc. Também depende do gado, da exportação de madeira e de minerais. Desde o fim do século XX, com a exportação de petróleo, a renda per capita tem aumentado espetacularmente (o atual presidente, Teodoro Obiang foi apontado pela revista Forbes como o oitavo governante mais rico do mundo), mas, mesmo com esse aumento da renda per capita o povo reclama e pede água potável, saúde pública, habitação humana e acessível, e grita o manifesto Cant not to 2015 na Guiné uma referência à Copa Africana de Nações que será realizada entre os dias 17 de janeiro e 08 de fevereiro de 2015 na Guiné Equatorial. Bem Brasil não é mesmo?!

1 - Declaração de Díli leia mais em http://timor-leste.gov.tl/?p=10386&n=1

Rogério Madruga
E falando em Brasil, a redação do E aí?! Entrevistou Rogério Madruga, artista plástico integrante da comissão de carnaval da Beija-Flor de Nilópolis para sabermos mais detalhes sobre o enredo. 

E aí?! - O enredo de 2015 da Beija, “Um griô conta a história: Um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”, têm como fio condutor dessa história o que precisamente? A independência colonial, as riquezas minerais e naturais do país, ou, costumes e idiossincrasias que se co-relacionam com o Brasil, por exemplo.

RM - A Escola conta o renascimento e a auto valorização de um povo que se reconstrói. Um país colonizado e explorado por tantas nações no passado, que foi Porto exportador de carne escrava, passou por vários momentos difíceis, mas tem um povo que não se entrega, que é forte no sangue, na raça e na cor, guerreiro por natureza, de cores fortes, bravio.  Um povo que canta, dança, comemora, vibra, vive.  Povo esse que é base de formação de nossa cultura e por isso deve ser exaltado sempre.
E aí?! - Como nasceu e se firmou essa parceria (enredo) Beija-Flor x Guiné Equatorial? Existe paridade cultural nessa parceria?

RM - A Escola foi convidada a participar de um desfile na Guiné em Setembro passado pelo embaixador da Guiné no Brasil, um apaixonado pelo carnaval carioca e pela Beija Flor. Dessa visita às terras da Guiné surgiu o convite para contarmos a história do país, que tem grandes laços com o Brasil.

E aí?! - Como serão inseridos no contexto do enredo a Ceiba, a Taiba e o Balelé (árvore da vida, técnica específica para fazer esculturas e dança típica da Guiné)? Alas, adereços, composições ou setores?

RM - Dizer exatamente onde, é "destampar a panela antes da hora", mas estarão inseridos em todos os seguimentos da escola, do primeiro ao último setor.

Máscara Mortuária
E aí?! - Em que setor(es) sua arte será(ão) apresentada(s)?

RM - Meu trabalho em particular estará em todo o quarto setor, onde estão além das alas "normais", a Bateria, as passistas e a alegoria 4. No primeiro setor, a ala de Abertura da escola também é minha criação.

E aí?! - O que você ressaltaria como “Não Perca!” para os leitores do blog ‘E aí?!’ no desfile da Beija-Flor deste ano?

RM - O desfile todo da escola é imperdível.  É uma força, a raça de uma comunidade que abraça de corpo e alma sua agremiação. Mas vale pregar os olhos na apresentação de Selminha e Claudinho (Porta-Bandeira e Mestre-Sala) no quarto setor que é minha criação, claro.  Rsrs.



Pode acreditar, Rogério Madruga, que ficaremos de olho nestes destaques e comentaremos depois, é claro. 

"UM GRIÔ CONTA A HISTÓRIA: UM OLHAR SOBRE A 
ÁFRICA E O DESPONTAR DA GUINÉ EQUATORIAL. 
CAMINHEMOS SOBRE A TRILHA DE NOSSA FELICIDADE"

Autores: J.Velloso, Samir Trindade, Jr Beija-Flor, Marquinhos Beija-Flor, Gilberto Oliveira, Elson Ramires, Dílson Marimba e Silvio Romai
Participação Especial: Ribeirinho e Junior Trindade
Intérprete: Neguinho da Beija-Flor

Vem na batida do tambor
Voltar na memória de um griô
Fala cansada, mãos calejadas
Ouça menino Beija-Flor
Ceiba, árvore da vida
Raízes na verde imensidão
Na crença de tribos antigas
Força incorporada nesse chão
O invasor singrou o mar, partiu em busca de riquezas
E encontrou nesse lugar
Novas Índias, outras realezas
Destino trocado, tratado se faz
Marejam os olhos dos ancestrais

Nego canta, nego clama liberdade
Sinfonia das marés, saudade
Um africano rei que não perdeu a fé
Era meu irmão, filho da Guiné


Formosa, divina ilha testemunha dos grilhões
Eu vi a escravidão erguer nações
Mas a negritude se congraça
A chama da igualdade não se apaga
Olha a morena na roda e vem sambar
Na ginga do balelé, cores no ar
Dessa mistura vem o meu axé, canta Brasil, dança Guiné
Criança, levanta a cabeça e vai embora
O mar que trouxe a dor riqueza aflora
Tem uma família agora
Quem beija essa flor não chora

Sou negro na raça, no sangue e na cor
Um guerreiro Beija-Flor
Oh, minha deusa soberana
Resgata sua alma africana

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